Cor: Verde
Símbolo matemático: Mais
Temas: Identidade, liberdade, existência, instrospecção, escolhas, ausências, perdas, efemeridade, permanência, perspicácia, autorespeito, dúvidas, término, estigmas, perpetuação, preocupação, empoderamento, adversidade, resistência
Data aproximada de escrita: início de 2020 a final de 2021
Um livro sobre as existências e resistências humanas
1. Ser Assim
Um poema sobre a liberdade pessoal
Eu
Dono de mim
Não abro mão
De ser assim
Eu
Dono de mim
Não abro mão
De ser assim
Cansei de
Ser usado
Maltratado, humilhado
Renegado, por nascer assim
Pensei que o
Novo amanhecer
Fosse capaz de fazer
Você pensar enfim
Por que não volta o seu olhar?
Será meu fim?
Por que não volta o seu olhar?
Será meu fim?
Eu
Dono de mim
Não abro mão
De ser assim
Eu
Dono de mim
Não abro mão
De ser assim
Criei a nova forma
Sobre o mundo, que absurdo
Bem no fundo
Você disse sim
Larguei
Todo aquele pensamento
Parecia mais tormento
Me levar ao fim
Por que não volta o seu olhar?
Será meu fim?
Por que não volta o seu olhar?
Será meu fim?
Eu
Dono de mim
Não abro mão
De ser assim
Eu
Dono de mim
Não abro mão
De ser assim
Porque?
Recusa olhar
Quer evitar
Que eu seja assim
Sim
Eu vou mudar
Vou me expressar
Além do fim
Eu
Dono de mim
Não abro mão
De ser assim
Eu
Dono de mim
Não abro mão
De ser assim
2. Soturno
Um poema sobre a introspecção pessoal
Eu me distraio desse mundo
Louco, insano, fundo
Eu me conecto com o soturno
Pensativo, calmo
Sempre taciturno
Na solidão eu não me iludo
Quieto, enxergo tudo
Eu me conservo no refúgio
Cansativo, salvo
Quase que sucumbo
Mas sei
Que não é hábil
Me sentir assim
Lembrei
Quando deixei
Que me enganasse enfim
Pisei
Qual sentimento
Que não tinha fim
Pensei
Pensei
Pensei
Eu me distraio desse mundo
Louco, insano, fundo
Eu me conecto com o soturno
Pensativo, calmo
Sempre taciturno
Na solidão eu não me iludo
Quieto, enxergo tudo
Eu me conservo no refúgio
Cansativo, salvo
Quase que sucumbo
Mas sei
Que não é fácil
Me encontrar assim
Achei
Aquela força
Neste ínterim
Livrei
Tal persistência
Que dizia sim
Mudei
Mudei
Mudei
Eu me distraio desse mundo
Louco, insano, fundo
Eu me conecto com o soturno
Pensativo, calmo
Sempre taciturno
Na solidão eu não me iludo
Quieto, enxergo tudo
Eu me conservo no refúgio
Cansativo, salvo
Quase que sucumbo
3. Sigo
Um poema sobre as escolhas pessoais
Eu sigo meu caminho
Procurando minha verdade
Sendo a comodidade
Um motivo pra ficar
Eu me afasto da ilusão
Procurando a novidade
Sendo a possibilidade
De um novo transformar
Nesta busca incessante
Tão difícil, tão marcante
É preciso tomar fôlego
Eu preciso me afastar
Aquilo que não acrescenta
Só atrapalha, só atormenta
Eu vivo numa eterna luta
Sobre o que deixar ou levar
Ainda tento entender
Qual a necessidade?
Da mentira, da vaidade
Que provoca frustração
Mas sei que é difícil
Existir ou resistir
Nesse mundo, nessa vida
Onde inexiste perfeição
Porém, é preciso persistir
E mostrar no meu agir
O que é limite, o que é respeito
Respeitando minha ação
É preciso conviver
Respeitando esse cuidado
Tão importante, tão lembrado
Que merece minha atenção
4. Verde Sede
Um poema sobre as ausências e as perdas.
Verde
Tu que vistes tudo
Tudo o que tu
Verde
Sede
Tu que sedes tudo
Tudo o que tu
Sede
Verde
Tu que aguentas tudo
Tu que aguentas
Sede
Sede
Tu que almejas tudo
Tu que almejas
Verde
Verde
Tu que escondes tudo
Tu que escondes
Sede
Sede
Tu que avistas longe
Tu que avistas
Verde
5. Tive
Um poema sobre os efêmeros e as permanências.
Tive paz e não me conhecia
Me conheci, não tive paz
Mas, talvez, eu já sabia
Que a consciência nunca traz
Tive medo e não me pertencia
Me pertenci, eu fui audaz
Mas, decerto, eu não sentia
Que a essência sempre faz
Tive culpa e não me resolvia
Me resolvi, não fui fugaz
Mas, contudo, eu já temia
Que o perdão nunca esvai
Tive alegria e não me merecia
Me mereci, eu fui capaz
Mas, porém, eu não diria
Que a tristeza sempre sai
Tive dúvida e não me respondia
Me respondi, não fui tenaz
Mas, destarte, eu já intuía
Que a certeza nunca atrai
Tive ódio e não me ouvia
Me ouvi, eu fui loquaz
Mas, aliás, eu não entendia
Que a causa sempre distrai
Tive amor e não me servia
Me servi, não fui mordaz
Mas, entretanto, eu já defendia
Que o afeto nunca subtrai
Tive tudo e não me desprendia
Me desprendi, não fui voraz
Mas, portanto, eu não sabia
Que a criação sempre vai
6. Você acha (Eu sei)
Um poema sobre a perspicácia e o respeito próprio.
Você acha
Que eu não vejo
Toda a sua impaciência
Demonstrando sua imprudência
Evitando me encarar
Você acha
Que eu não sirvo
Não me encaixo no seu mundo
Não percebe este absurdo
Desejando me julgar
Você acha
Que eu não percebo
Toda esta tua ausência
Mas parece inconsequência
Procurando me afastar
Você acha
Que eu não sinto
O maldito sofrimento
Não percebe tal lamento
Empatando me ajudar
Eu sei, eu sei de tudo
Eu sei que por você eu não mudo
Eu sei da minha essência
Não te entrego minha existência
Não te entrego não
7. Como posso?
Um poema sobre os questionamentos humanos
Como posso gostar de algo que me faz mal?
Como posso achar normal toda essa perversidade?
Como posso suportar algo tão banal?
Como posso pensar isto dentro da humanidade?
Como posso gostar de uma pessoa que não me merece?
Como posso me acostumar com toda essa passividade?
Como posso mudar tudo o que acontece?
Como posso alertar toda a coletividade?
Como posso?
Como posso?
Como posso?
Como posso?
Perversidade, culpa, impotência
Sociedade, julga, existência
Modernidade, ultra, sobrevivência
Autoridade, simula, prepotência
Liberdade, luta, vivência
Prosperidade, funda, benevolência
Tranquilidade, almeja, essência
Capacidade, muda, resiliência
8. Fim
Um poema sobre o término de algo
Acabou
Não preciso mais
Já desandou
Durou demais
Perpetuou
Não foi atrás
Já desabou
Ferrou demais
O fim
Enfim
Talvez
Não seja assim
O fim
No fim
Quem sabe
Não traz um sim?
O fim
Pra mim
Floresce
Não importa o delfim
O fim
Por fim
Liberta
Não espera por mim
9. Eles nunca foram
Um poema sobre um estigma e sua perpetuação
Eles nunca foram
Objeto de defeito
Eles nunca foram
Objeto de desejo
Eles nunca foram
O medo da sociedade
Eles nunca foram
O risco da virilidade
Eles nunca foram
A questão não resolvida
Eles nunca foram
A paixão não esquecida
Eles nunca foram
Aquilo que puderam ser
Eles nunca foram
O medo de poder viver
Eles nunca foram
Eles
10. Neste alvoroço febril
Um poema sobre uma situação preocupante
O que é que vai voltar?
O que é que vai mudar?
O que vai afundar?
Neste alvoroço febril
Neste alvoroço febril
Quem é que vai lembrar?
Quem vai criticar?
Quem é que vai lutar?
Neste alvoroço febril
Neste alvoroço febril
Quem é que vai morrer?
Quem vai se esconder?
Quem vai ascender?
Neste alvoroço febril
Neste alvoroço febril
Quem é que vai sorrir?
Quem é que vai sair?
Quem vai resistir?
Neste alvoroço febril
Neste alvoroço febril
Febril
Febril
11. Meu tom de pele
Um poema sobre a valorização de um tom de pele
Meu tom de pele
Não me interfere
Quer que eu te entregue
O meu pensar?
Meu tom de pele
Não me impede
Quer que eu espere
Seu aprovar?
Meu tom de pele
Sei que percebe
Quer que eu encerre
Pra te acalmar?
Meu tom de pele
Sei que te impede
Quer que eu renegue?
Pra te agradar?
Meu tom de pele
É um tom entre os demais
Mas é um tom que carrega sais
Sais de lágrimas provocadas por outros tons
Tons que excluem outros tons
Tons que machucam outros tons
Tons que não enxergam outros tons
Tons que precisam ajudar outros tons
Seus tons de pele
Não se exasperem
Que sempre podem
Modificar-se
Meu tom de pele
12. Tentativa
Um poema sobre as adversidades humanas
Sério
Tentativa de fazer um
Mistério
Tentativa de ser um
Etéreo
Tentativa de que?
Tudo isso pra me ver
Pra tentar me convencer
Sinto
Cada vez que me dói
Eu existo
Cada vez que destrói
Eu resisto
Cada vez que o que?
Tudo isso pra te ver
Pra tentar te convencer
Sério, mistério, etéreo...
Sinto, existo, resisto...
Tudo isso pra ouvir
Pra tentar não sucumbir
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