quarta-feira, 15 de março de 2023

Ser Assim - As identidades de Felipe Prasino (2021). Obs:. 1° livro de Felipe Prasino.

Cor: Verde

Símbolo matemático: Mais

Temas: Identidade, liberdade, existência, instrospecção, escolhas, ausências, perdas, efemeridade, permanência, perspicácia, autorespeito, dúvidas, término, estigmas, perpetuação, preocupação, empoderamento, adversidade, resistência

Data aproximada de escrita: início de 2020 a final de 2021


Um livro sobre as existências e resistências humanas


1. Ser Assim


Um poema sobre a liberdade pessoal


Eu

Dono de mim

Não abro mão

De ser assim


Eu

Dono de mim

Não abro mão

De ser assim


Cansei de

Ser usado

Maltratado, humilhado

Renegado, por nascer assim


Pensei que o

Novo amanhecer

Fosse capaz de fazer

Você pensar enfim


Por que não volta o seu olhar?

Será meu fim?


Por que não volta o seu olhar?

Será meu fim?


Eu

Dono de mim

Não abro mão

De ser assim


Eu

Dono de mim

Não abro mão

De ser assim


Criei a nova forma

Sobre o mundo, que absurdo

Bem no fundo

Você disse sim


Larguei

Todo aquele pensamento

Parecia mais tormento

Me levar ao fim


Por que não volta o seu olhar?

Será meu fim?


Por que não volta o seu olhar?

Será meu fim?


Eu

Dono de mim

Não abro mão

De ser assim


Eu

Dono de mim

Não abro mão

De ser assim


Porque?

Recusa olhar

Quer evitar

Que eu seja assim


Sim

Eu vou mudar

Vou me expressar

Além do fim


Eu

Dono de mim

Não abro mão

De ser assim


Eu

Dono de mim

Não abro mão

De ser assim


2. Soturno


Um poema sobre a introspecção pessoal


Eu me distraio desse mundo

Louco, insano, fundo

Eu me conecto com o soturno

Pensativo, calmo

Sempre taciturno


Na solidão eu não me iludo

Quieto, enxergo tudo

Eu me conservo no refúgio

Cansativo, salvo

Quase que sucumbo


Mas sei

Que não é hábil

Me sentir assim


Lembrei

Quando deixei

Que me enganasse enfim


Pisei

Qual sentimento

Que não tinha fim


Pensei

Pensei

Pensei


Eu me distraio desse mundo

Louco, insano, fundo

Eu me conecto com o soturno

Pensativo, calmo

Sempre taciturno


Na solidão eu não me iludo

Quieto, enxergo tudo

Eu me conservo no refúgio

Cansativo, salvo

Quase que sucumbo


Mas sei

Que não é fácil

Me encontrar assim


Achei

Aquela força

Neste ínterim


Livrei

Tal persistência

Que dizia sim


Mudei

Mudei

Mudei


Eu me distraio desse mundo

Louco, insano, fundo

Eu me conecto com o soturno

Pensativo, calmo

Sempre taciturno


Na solidão eu não me iludo

Quieto, enxergo tudo

Eu me conservo no refúgio

Cansativo, salvo

Quase que sucumbo


3. Sigo


Um poema sobre as escolhas pessoais


Eu sigo meu caminho

Procurando minha verdade

Sendo a comodidade

Um motivo pra ficar


Eu me afasto da ilusão

Procurando a novidade

Sendo a possibilidade

De um novo transformar


Nesta busca incessante

Tão difícil, tão marcante

É preciso tomar fôlego

Eu preciso me afastar


Aquilo que não acrescenta

Só atrapalha, só atormenta

Eu vivo numa eterna luta

Sobre o que deixar ou levar


Ainda tento entender

Qual a necessidade?

Da mentira, da vaidade

Que provoca frustração


Mas sei que é difícil

Existir ou resistir

Nesse mundo, nessa vida

Onde inexiste perfeição


Porém, é preciso persistir

E mostrar no meu agir

O que é limite, o que é respeito

Respeitando minha ação


É preciso conviver

Respeitando esse cuidado

Tão importante, tão lembrado

Que merece minha atenção


4. Verde Sede


Um poema sobre as ausências e as perdas.


Verde

Tu que vistes tudo

Tudo o que tu

Verde


Sede

Tu que sedes tudo

Tudo o que tu

Sede


Verde

Tu que aguentas tudo

Tu que aguentas

Sede


Sede

Tu que almejas tudo

Tu que almejas

Verde


Verde

Tu que escondes tudo

Tu que escondes

Sede


Sede

Tu que avistas longe

Tu que avistas

Verde


5. Tive


Um poema sobre os efêmeros e as permanências.


Tive paz e não me conhecia

Me conheci, não tive paz

Mas, talvez, eu já sabia

Que a consciência nunca traz

 

Tive medo e não me pertencia

Me pertenci, eu fui audaz

Mas, decerto, eu não sentia

Que a essência sempre faz

 

Tive culpa e não me resolvia

Me resolvi, não fui fugaz

Mas, contudo, eu já temia

Que o perdão nunca esvai

 

Tive alegria e não me merecia

Me mereci, eu fui capaz

Mas, porém, eu não diria

Que a tristeza sempre sai

 

Tive dúvida e não me respondia

Me respondi, não fui tenaz

Mas, destarte, eu já intuía

Que a certeza nunca atrai

 

Tive ódio e não me ouvia

Me ouvi, eu fui loquaz

Mas, aliás, eu não entendia

Que a causa sempre distrai

 

Tive amor e não me servia

Me servi, não fui mordaz

Mas, entretanto, eu já defendia

Que o afeto nunca subtrai

 

Tive tudo e não me desprendia

Me desprendi, não fui voraz

Mas, portanto, eu não sabia

Que a criação sempre vai


6. Você acha (Eu sei)


Um poema sobre a perspicácia e o respeito próprio.

 

Você acha

Que eu não vejo

Toda a sua impaciência

Demonstrando sua imprudência

Evitando me encarar

 

Você acha

Que eu não sirvo

Não me encaixo no seu mundo

Não percebe este absurdo

Desejando me julgar

 

Você acha

Que eu não percebo

Toda esta tua ausência

Mas parece inconsequência

Procurando me afastar

 

Você acha

Que eu não sinto

O maldito sofrimento

Não percebe tal lamento

Empatando me ajudar

 

Eu sei, eu sei de tudo

Eu sei que por você eu não mudo

Eu sei da minha essência

Não te entrego minha existência

Não te entrego não


7. Como posso?

 

Um poema sobre os questionamentos humanos

 

Como posso gostar de algo que me faz mal?

Como posso achar normal toda essa perversidade?

Como posso suportar algo tão banal?

Como posso pensar isto dentro da humanidade?

 

Como posso gostar de uma pessoa que não me merece?

Como posso me acostumar com toda essa passividade?

Como posso mudar tudo o que acontece?

Como posso alertar toda a coletividade?

 

Como posso?

Como posso?

Como posso?

Como posso?

 

Perversidade, culpa, impotência

Sociedade, julga, existência

Modernidade, ultra, sobrevivência

Autoridade, simula, prepotência

 

Liberdade, luta, vivência

Prosperidade, funda, benevolência

Tranquilidade, almeja, essência

Capacidade, muda, resiliência


8. Fim

 

Um poema sobre o término de algo

 

Acabou

Não preciso mais

Já desandou

Durou demais

 

Perpetuou

Não foi atrás

Já desabou

Ferrou demais

 

O fim

Enfim

Talvez

Não seja assim

 

O fim

No fim

Quem sabe

Não traz um sim?

 

O fim

Pra mim

Floresce

Não importa o delfim

 

O fim

Por fim

Liberta

Não espera por mim



9. Eles nunca foram


Um poema sobre um estigma e sua perpetuação


Eles nunca foram

Objeto de defeito

Eles nunca foram

Objeto de desejo


Eles nunca foram

O medo da sociedade

Eles nunca foram

O risco da virilidade


Eles nunca foram

A questão não resolvida

Eles nunca foram

A paixão não esquecida


Eles nunca foram

Aquilo que puderam ser

Eles nunca foram

O medo de poder viver


Eles nunca foram

Eles


10. Neste alvoroço febril


Um poema sobre uma situação preocupante


O que é que vai voltar?

O que é que vai mudar?

O que vai afundar?

Neste alvoroço febril

Neste alvoroço febril


Quem é que vai lembrar?

Quem vai criticar?

Quem é que vai lutar?

Neste alvoroço febril

Neste alvoroço febril


Quem é que vai morrer?

Quem vai se esconder?

Quem vai ascender?

Neste alvoroço febril

Neste alvoroço febril


Quem é que vai sorrir?

Quem é que vai sair?

Quem vai resistir?

Neste alvoroço febril

Neste alvoroço febril


Febril

Febril


11. Meu tom de pele

 

Um poema sobre a valorização de um tom de pele


Meu tom de pele

Não me interfere

Quer que eu te entregue

O meu pensar?

 

Meu tom de pele

Não me impede

Quer que eu espere

Seu aprovar?

 

Meu tom de pele

Sei que percebe

Quer que eu encerre

Pra te acalmar?

 

Meu tom de pele

Sei que te impede

Quer que eu renegue?

Pra te agradar?

 

Meu tom de pele

É um tom entre os demais

Mas é um tom que carrega sais

Sais de lágrimas provocadas por outros tons

 

Tons que excluem outros tons

Tons que machucam outros tons

Tons que não enxergam outros tons

Tons que precisam ajudar outros tons

 

Seus tons de pele

Não se exasperem

Que sempre podem

Modificar-se

 

Meu tom de pele


12. Tentativa

 

Um poema sobre as adversidades humanas

 

Sério

Tentativa de fazer um

Mistério

Tentativa de ser um

Etéreo

 

Tentativa de que?

Tudo isso pra me ver

Pra tentar me convencer

 

Sinto

Cada vez que me dói

Eu existo

Cada vez que destrói

Eu resisto

 

Cada vez que o que?

Tudo isso pra te ver

Pra tentar te convencer

 

Sério, mistério, etéreo...

Sinto, existo, resisto...

 

Tudo isso pra ouvir

Pra tentar não sucumbir


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