quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Apreços e Afetos - As estimas de Felipe Prasino (2023). Obs:. 10° livro de Felipe Prasino.

Cor: Rosa


Símbolo matemático: Diferente

Temas: Amor-próprio, amor pelos animais, amor pelo romantismo, amor pelos amigos, amor pela família, amor pelo questionamento, amor pela espiritualidade, amor pelo conhecimento

Data aproximada de escrita: outubro, novembro e dezembro de 2023


1. Parado


Olhei pra você

Te entendi ao olhar

Pensei: Daí não sai nada

Não adianta eu tentar


Me cansei de você

Te entendi ao falar

Pensei: Daí já sei tudo

Não adianta eu chamar


Parado na minha via

Parado no lembrar

Quer ver minha partida?

Não vou mais te aturar


Parado no seu jeito

Parado no mudar

Quer ver minha ferida?

Não vou mais te indagar


Projetei meus enganos em você

Por que?


Projetei meus planos em você

Por que?


E você...

Parado


Confiei meus segredos em você

Por que?


Confiei meus enredos em você

Por quê?


E você...

Parado


Tô cansado de não me entender

Tô cansado de só me entrever

Fiz tudo pra não me esquecer 

E você...

Parado


Fiz tudo pra te ver informado

Fiz tudo pra te ter interessado

Tô cansado de ser ignorado

E você..

Parado


E você...

Parado


2. Pelos marrons, olhos caramelos


Pelos marrons, olhos caramelos

Entendi seus sons, sempre seus libelos

Conheci seus tons, sempre seus castelos


Pelos marrons, olhos caramelos

Entendi seus sons, sempre seus duelos

Conheci seus tons, sempre seus flagelos


Tic, tic, tic,

O barulho das patinhas

Que deslizam advinhas

Quais atentas entrelinhas


Ah, ah, ah, ah

O barulho dos cansaços

Que revelam os mormaços

Quais estreitos abraços


Sim, quero sair!

Eu vou ter que insistir?

Sim, quero comer!

Eu vou ter que perecer?


Hum, hum, hum

O barulho dos lamentos

Que revelam os desalentos

Quais penosos sentimentos


Au, au, au, au

O barulho dos latidos

Que provocam os sentidos

Quais acenos desmedidos


Sim, quero brincar

Eu vou ter que te lembrar?

Sim, quero dormir

Eu vou te que te pedir?


Pelos marrons, olhos caramelos

Entre sons e tons, sempre sei seus elos

Pelos marrons, olhos caramelos

Entre sons e tons, sempre são tão belos


Pelos marrons, olhos caramelos


3. De olho (Em ternos olhares)


De olho no preço

De olho em mim

De olho esqueço

Me sinto enfim 

Em ternos olhares 


De olho no ponto

De olho em outro

De olho confronto

Me sinto envolto

Em ternos olhares


De olho no vazio

De olho em mim

De olho desvio

Me sinto assim

Em ternos olhares


De olho no pedido

De olho em outro

De olho recolhido

Me sinto disposto

Em ternos olhares


Diga ao olhar

O que falou quando me viu

Diga, sem duvidar

O que pensou quando sorriu


De olho no escrito

De olho em mim

De olho permito

Me sinto afim

Em ternos olhares


De olho no futuro

De olho em outro

De olho procuro

Me sinto seguro

Em ternos olhares


Diga ao olhar

O que queria me dizer

Diga, sem inventar

O que pensou ao me querer


De olho

Em ternos olhares


4. Tenho tudo para amar?


E pensar que eu queria os afetos

Mas sabia o que sentiam por mim

Eita, que ilusão


E pensar que eu queria as atenções

Mas sabia o que queriam de mim

Eita, que carência


Sozinho e iludido

Esperando eu fiquei

Perguntei meu coração

Bem lascado me tornei


Cismado e aflito

Vigilante eu fiquei

Perguntei minha razão

Bem fechado me tornei


Tenho que ser o namorado

Tenho que ser o companheiro

Tenho que ter todas as lutas

Tenho ser todas as formas


Tenho que ser o amigo

Tenho que ser o instrutor

Tenho que ter todas as ideais

Tenho que ter todas as mudanças


Tenho tudo pra amar?

Pra arquitetar, pra motivar?

Pra não me limitar num lugar?


Tenho tudo pra amar?

Pra acalmar, pra dialogar?

Pra não me irritar num lugar?


Sempre me cuido

Sempre me estudo

Sempre me ordeno

Sempre me relembro


Sempre me incentivo

Sempre me questiono

Sempre me surpreendo

Sempre me transformo


E pensar que eu queria os apreços

Será que sabia o que eu esperava de mim?

Eita, que dúvida


5. Não julgar as formas de amar


Entender o que sinto

E o medo de sofrer

Entender o labirinto

E o medo de saber


Entender o que afasto

E o medo de resolver

Entender o rastro 

E o medo de perder


Não largar a vontade de aprender

Não largar a vontade de proteger

Não largar a vontade de ajudar

Não julgar as formas de amar


Não largar o sentimento comprovado

Não largar o sentimento dedicado

Não largar o sentimento de inspirar

Não julgar as formas de amar


Entender o que limito

E o medo de romper

Entender o que grito

E o medo de perecer


Entender o que receio

E o medo de suspeitar

Entender o que floreio

E o medo de exagerar


Não largar a vontade de confiar

Não largar a vontade de mudar

Não largar a vontade de conciliar

Não julgar as formas de amar


Não largar o sentimento entendido

Não largar o sentimento refletido

Não largar o sentimento de juntar

Não julgar as formas de amar


Me perceber, me respeitar

Ver as vontades, os sentimentos

E não julgar as formas de amar


Me refazer, me educar

Ver as liberdades, os sofrimentos

E não julgar as formas de amar


6. Sou dúbio?


Meu pensamento é dúbio

Te adoro? Te receio?

Cada ato é mais dúbio

Me enamoro? Devaneio?


A dança que todos perdem

Onde parecem não se importar

A dança que a sinceridade foge

Cadê a vontade de gostar?


A memória que todos esquecem

Onde parecem não se incomodar

A memória que a ignorância move

Cadê a vontade de tentar?


Sou dúbio?


Meu movimento é dúbio

Te apavoro? Te enleio?

Cada ato é mais dúbio

Me melhoro? Titubeio?


A verdade que todos perdem

Onde parecem não se questionar

A verdade que a mentira tolhe

Cadê a vontade de sublimar?


A esperança que todos esquecem

Onde parecem não se animar

A esperança que a maldade logre

Cadê a vontade de continuar?


Sou dúbio?


Os sentimentos dúbios

Ao sabor de todas as futilidades

Os sofrimentos dúbios

Ao sabor de todas as rivalidades


Os divertimentos dúbios

Ao sabor de todas as aparências

Os entendimentos dúbios

Ao sabor de todas as carências


Sou dúbio?


Meu versamento é dúbio

Te imploro? Te permeio?

Cada ato é mais dúbio

Me exploro? Estonteio?


Sou dúbio?


7. Continuar gostando


Gosto, mas não me gostam

Ouço, mas não me ouvem

Vejo, mas não me veem

Falo, mas não me falam


E eu?

Vou continuar gostando?


Contesto, mas não me contestam

Peço, mas não me pedem

Escrevo, mas não me escrevem

Ajudo, mas não me ajudam


E eu ?

Vou continuar gostando?


A cansativa história

Tudo se evitando

Estão acertando?


A cansativa desculpa

Tudo se enrolando

Estão piorando?


E aí?

Vão continuar gostando?


O cansativo fardo

Tudo se odiando

Estão esperando?


A mesma ideia

Tudo se ocultando

Estão alterando?


E aí?

Vão continuar gostando?


O medo de não amar

Não ser reconhecido

Ser esquecido


O medo de não gostar

Não ser entendido

Ser repelido


E aí?

Vamos continuar gostando?


O medo de não somar

Não ser divertido

Ser atrevido


O medo de não fascinar

Não ser acolhido

Ser indevido


E aí?

Vamos continuar gostando?


Continuar gostando

Apesar das surpresas

E de todos os desastres


Continuar gostando

Apesar das firmezas

E de todos os recalques


E aí?

Quem continuará gostando?


8. Confusão de amores


Não vou mudar o que sentem por mim

Mas vou largar esse tormento sem fim

O amor tem belos conjuntos

Eu vou amar do meu jeito


Eu vou mudar o que sinto por muitos

Mas vou largar esses outros fortuitos

O amor tem belo trampolim

Eu vou amar do meu jeito


Confusão de amores

Que eu não posso evitar

Apesar de me estressar

E querer me bagunçar


Confusão de amores

Que eu não posso atiçar

Apesar de me acordar

E querer me confrontar


Essencial é aprender com você

Mesmo que saiba pouco, e não possa entender

Essencial é construir com você

Mesmo que cave pouco, e não possa soerguer


Essencial é resolver com você

Mesmo que some pouco e não possa responder

Essencial é conectar com você

Mesmo que fale pouco, e não possa discorrer


Confusão de amores

Que eu não posso esquecer

Apesar de me envolver

E querer me defender


Confusão de amores

Que eu não posso promover

Apesar de me prever

E querer me entreter


Confusão de amores


9. Saber é amar (Saibam)


Saibam amar

Saibam saber

Não deixem te controlar

Não deixem sonhar por vocês


Saibam amar

Saibam saber

Não deixem te acomodar

Não deixem jogar por vocês


O que sei não muda tudo

Mas remexo num segundo

A bondade que apenas esbocei


O que curto não tem tudo

Mas questiono num segundo

A resposta que apenas provoquei


Saber, pra gostar

Entender, pra mudar


Saber, pra amar

Escrever, pra lutar


Saber é amar


Saibam amar

Saibam saber

Não deixem te desviar

Não deixem perceber por vocês


Saibam amar

Saibam saber

Não deixem te liderar

Não deixem escolher por vocês


O que gosto não é tudo

Mas encontro num segundo

O que apenas indiquei


O que amo não é tudo

Mas abranjo num segundo

O afeto que apenas cultivei


Saber, pra juntar

Envolver, pra tentar


Saber, pra chamar

Escolher, pra indicar


Saber é amar 


Saber é amar, um meio de romper

A lógica indefesa, só deixa sofrer


Saber é amar, um meio de viver

O limite imposto, só tenta conter


O amor pelo saber é possibilidade

É não aceitar o que está corrompido


O desprezo pelo saber é maldade

É um truque de quem está escondido


Saber é amar


10. Sempre amiga, sempre querida


Amiga sempre presente

Em muitos instantes de acolhida

Mestra sempre persistente

Em vários trabalhos da vida

Sempre amiga


Amiga sempre inteligente

Em muitos modelos de amor

Mestra sempre resistente

Em muitos erros do horror  

Sempre querida


Querida amiga

Tenho muita gratidão pra espalhar

Tudo que eu construí com você

O quanto me inspirei em você


Querida amiga

Tenho muita estima pra destacar

Tudo que eu trilhei com você

O quanto me apoiei em você


Sempre amiga, sempre querida

Me orientando em toda medida

Me orientando em toda partida


Sempre amiga, sempre querida


Sempre amiga, sempre vigilante

Protege com ardor, apesar das ilusões

Sempre querida, sempre relevante

Ensina com valor, apesar das pressões 


Sempre amiga, sempre laboriosa

Mostra com atenção, apesar da relutância

Sempre querida, sempre estudiosa

Volta com afeição, apesar da ignorância


Sempre esteve aqui, só não te chamava

Entendi que é preciso questionar o temor

Entendi que é preciso abraçar o amor


Sempre esteve aqui, só não te entendia

Entendi que é preciso olhar o que mudar

Entendi que é preciso meditar o que falar


Sempre amiga, sempre querida

Me auxiliando em toda subida

Me auxiliando em toda ferida


Sempre amiga, sempre querida


11. Amores verdadeiros


Diz que deseja só por dizer

Só se engana, não vai viver

Diz que protege só pra mostrar

Só se elege, não vai ganhar


Diz que respeita só por dizer

Só se aproveita, não vai ceder

Diz que constroí só pra mostrar

Só se destrói, não vai parar


Amores verdadeiros

São amores que conservam

A essência dos que amam


Amores verdadeiros

São amores que elevam

As virtudes dos que amam


Ame, não se esqueça

O amor deve ser respeitado

Se você não ama, converse

Ninguém merece ser enganado


Ame, não se apresse

O amor dever ser lapidado

Ser você não ama, explique

Ninguém merece ser ignorado


Os amores verdadeiros

Se sustentam na bondade

Se sustentam na lealdade

Se sustentam na amizade


Os amores verdadeiros

Se sustentam na felicidade

Se sustentam na igualdade

Se sustentam na qualidade


Amores verdadeiros

São amores que exploram

As florestas dos que amam


Amores verdadeiros

São amores que indicam

A vontade dos que amam


Ame

Os amores verdadeiros serão estudados

Se você já ama, espalhe

Ninguém deve ser afastado


Ame

Os amores verdadeiros serão elevados

Se você já ama, purifique

Ninguém deve ser manchado


12. Entendendo seu amor


Se eu pudesse te protegia

Te protegia de todos os males do mundo

Se eu pudesse te levantava

Te levantava de todas as quedas do mundo


O amor que tenho por você combate

Combate todas as maldades do mundo

O amor que tenho por você derruba

Derruba todas as rudezas do mundo


Se eu pudesse mudaria o mundo ingrato

Que não é tão agradável pra viver

Se eu pudesse apagaria os destratos

Da época que eu não podia entender


Se eu pudesse te daria tudo do universo

Que a ganância humana não deixa partilhar

Se eu pudesse expandaria esses versos

Que a vaidade humana não almeja enxergar


Entendendo seu amor


Podia ter te protegido mais

Podia ter te entendido mais

Podia ter te escutado mais

Eu podia ter feito mais?

Estou entendendo a condição feminina


Podia ter te seguido mais

Podia ter te servido mais

Podia ter te ajudado mais

Eu podia ter dito mais?

Estou refletindo a condição a condição feminina


Hoje eu entendo mais as nuances da via

O quanto a vida pode ser cruel com as mulheres

Hoje eu entendo a falta de sensibilidade masculina

O quanto a mentira pode perpetuar os sofrimentos


Hoje eu entendo a possibilidade da mudança

O quanto a esperança é fundamental na luta

Hoje eu entendo a carga da desigualdade

O quanto a vida precisa ser transformada


Entendendo seu amor


13. Aprendendo a te amar


Estou aprendendo a te amar

Amar apesar das diferenças

Estou aprendendo a te esperar

Esperar apesar das desavenças


O amor é construído no diálogo

Díalogo que estamos construíndo

O amor é construído no catálogo

Catálogo que estamos definindo


Estou aprendendo a te ver

Ver apesar das vistas encobertas

Estou aprendendo a te ler

Ler apesar das páginas incompletas


Estou aprendendo a te ouvir

Ouvir apesar das escutas fugazes

Estou aprendendo a te influir

Influir apesar das opiniões tenazes


Aprendendo a te amar


Posso procurar mais?

Posso perguntar mais?

Posso pacificar mais?

Eu posso encontrar mais?

Estou querendo te entender


Posso aceitar mais?

Posso acreditar mais?

Posso almejar mais?

Eu posso caminhar mais?

Estou tentando te conhecer


Sei que a vida não foi agradável pra você

O tanto de ausências que você suportou

Sei que as escolhas são muito difíceis

O tanto que a desigualdade limita o homem


Sei que a via é complicada pra alguns

O tanto de ideias que você organizou

Sei que as perdas são muito terríveis

O tanto que a vida desanima a mudança


Aprendendo a te amar


13. Apreços e Afetos


Amores eternos

Amores Além Terra

Amores que agradam

Aquele que governa


Os apreços

Os afetos

De todos que inspiram


Os apreços

Os afetos 

De todos que suspiram


Amores e Afetos


Amores eternos

Amores Além Guerra

Amores que ajudam

Aquele que espera


Os apreços

Os afetos

De todos que conclamam


Os apreços

Os afetos

De todos que declamam


Amores e Afetos


Apreços e Afetos

Projetos incompletos

Sentidos são confusos

Pra quem segue trajetos


Apreços e Afetos

Concretos prediletos

Queridos são intrusos

Pra quem impõe decretos


Os apreços

Os afetos

De todos que alteram


Os apreços

Os afetos

De todos que moderam


Apreços e Afetos


É proibida a reprodução desta obra sem a devida citação/menção do autor.


Todos os direitos reservados.




Expressão e Expansão - As criações de Felipe Prasino (2023). Obs:. 9° livro de Felipe Prasino.


Cor: Laranja

Símbolo matemático: União

Temas: Criatividade, leveza, incompreensão, pedidos, matéria-prima, transição, vida, arte, suficiência, persistência, invenção, atenção, mistura, estalos

Data aproximada de escrita: setembro de 2023


1. Verter


Não agrado a mim

Devo agradar a você?

Tudo que fiz por dever

É difícil tu entender?


Não sofro por mim

Devo sofrer por você?

Tudo que fiz por querer

É difícil tu esquecer?


Todo sentimento de revolta

Todo sentimento me escolta

Raiva, fervor, reviravolta

Todo o meu sentir que já se solta


Todo esquecimento da noção

Todo esquecimento da união

Folga, abandono, decepção

Todo o meu agir em ebulição


Verter

Tudo do copo, da alma

Da vida, que precisa espairecer


Verter

Verter


Guardei meus sentimentos por você

Como um cadeado a riqueza

Jamais imaginei que ia te ver

Ignorando tudo aquilo, que frieza!


Guardei minha empatia por você

Como um plantio a colheita

Jamais imaginei que ia te ver

Dizendo tudo aquilo, que desfeita!


Falo na hora

Não passa mais nada

Se fosse outrora

Dava uma ignorada


Falo o vital

Não falo insensatez

Ainda bem que agora

Combato a estupidez


Verter

Tudo do copo, do medo

Do vero, que precisa aparecer


Verter

Verter


2. Sendo não grato


Rodei, rodei

Sempre tentando me encaixar

Distanciei

Acabei ficando sem lugar

Sendo não grato


Mudei, mudei

Sempre tentando me melhorar

Fragmentei

Nunca mais consegui me colar

Sendo não grato


Estudei, estudei

Sempre tentando me educar

Contrariei

Acabei ficando sem firmar

Sendo não grato


Criei, criei

Sempre tentando me expressar

Esvaziei

Nunca mais consegui me contentar

Sendo não grato


Quando olham estranho me afasto

É fato, ingrato

Quando me questionam meu relato

É chato, destrato

Nunca sensato


Quando viro as costas se transformam

E se alarmam, e me condenam

Quando eu me equivoco se informam

E se espalham, e só comentam

Nunca fomentam


Rodar, mudar, pra quê?

Estudar, criar, pra quê?

Se tudo isso é um instante pra sofrer?

Sendo não grato


Olhar estranho, pra quê?

Tu questionar, pra quê?

Se tudo isso fica feio pra você?

Sendo não grato


Virei as costas, pra quê?

Me equivocar, pra quê?

Se tudo isso é motivo pra você?

Sendo não grato


Expandir, pra quê?

Expressar, pra quê?

Acaso posso esmorecer?

Sendo não grato


3. Não me deixe (Por favor)


Não me deixe ver amor onde não tem

Não me deixe ver fortaleza onde é areia

Não me deixe ficar sem inspiração

Não me deixe ficar sem minha obra


Não me deixe ver felicidade na mentira

Não me deixe ver dignidade na injustiça

Não me deixe ficar sem expressão

Não me deixe ficar sem possibilidade


Por favor, por favor


Não quero me perder na vaidade

Em vão sucesso, vã ascensão

Não quero me perder na autoridade

Em qualquer séquito, na atenção


Não quero me perder na liberdade

Em vão processo, vã intenção

Não quero me perder na probidade

Em qualquer édito, vã restrição


Por favor, por favor


Não me deixe reter o que não retém

Não me deixe ser o que não sou

Não me deixe ter o que não tenho

Não me deixe, por favor


Não me deixe sentir o que não presta

Não me deixe querer o que não quero

Não me deixe viver o que não vivo

Não me deixe, por favor


Por favor, por favor


Não quero me perder na ilusão

Em vão empenho, vã sofridão

Não quero me perder na emoção

Em vão engenho, vã discussão


Não quero me perder na introversão

Em vão escudo, vã solidão

Não quero me perder na conclusão

Em vão estudo, vã intenção


Por favor, por favor


Não me deixe


4. Eu só tenho a palavra


Eu não tenho a beleza

Dinheiro, poder ou triunfo

Mas eu tenho a palavra

Que diz o que expresso


Eu não tenho a criação

Lógica, ideia ou novidade

Mas eu tenho a palavra

Que muda o que enxergo


Eu só tenho a palavra


Eu não tenho a técnica

Guia, saber ou mestre

Mas tenho a palavra

Que critica o que exagero


Eu não tenho a prensa

Mídia, rede ou biblioteca

Mas tenho a palavra

Que junta o que expando


Eu só tenho a palavra


Eu só tenho a palavra

Palavra que moldo, recuo

Junto, burilo, reparo


Eu só a tenho a palavra

Palavra que escuto, pergunto

Contesto, incomodo, solto


Eu só tenho a palavra


Eu só tenho você, palavra

Você, filha da Arte

Filha de tudo o que resgata


Eu só tenho você, palavra

Você, aluna da Vida

Aluna de tudo o que impacta


Eu só tenho a palavra


Palavra


Eu só tenho a palavra


5. Transpor (Transição)


Ter coragem de questionar

Todo o sentido de tudo

Ter coragem de ultrapassar

Todo o bramido do fundo


Ter coragem de expressar

Todo o talento de tudo

Ter coragem de transformar

Todo o lamento do mundo


Transpor, transpor

Transição

Transpor, Transpor

Transição


Ter coragem de expandir

Toda a beleza do alento

Ter coragem de assistir

Toda a firmeza do intento


Ter coragem de produzir

Toda a riqueza do evento

Ter coragem de atingir

Toda a proeza do invento


Transpor, Transpor

Transição

Transpor, Transpor

Transição


Ter coragem de escrever

Todo o recado da ferida

Ter coragem de soerguer

Todo o legado da partida


Ter coragem de conceber

Todo o ilimitado da medida

Ter coragem de entender

Todo o achado da vida


Transponha-me

Transponha-te

Transição


Transponha-te

Transponha-me

Transição


6. No limiar da vida


Estrelas cadentes que dançam

Em um bailado sideral

Corpos celestes que cantam

Em uma harmonia astral


Povo carente que clama

Em um momento transversal

Mente sábia que ama

Em um abismo desigual


Limiar da vida


Plantas resistentes que veem

Em um cenário de incertezas

Solos sabidos que creem

Em um bloco de estranhezas


Vontade descontente que revê

Em um ensejo de clareza

Bondade revelada que provê

Em um cantil de impureza


Limiar da vida


A vida

Sofrida

Detida

No limiar da vida


A vida

Temida

Descrida

No limiar da vida


A vida

Querida

Erguida

No limiar da vida


A vida

Sorvida

Polida

No limiar da vida


A vida

Cindida

Perdida

No limiar da vida


A vida

Provida

Sortida

No limiar da vida


A vida

Florida

Tingida

No limiar da vida


No limiar da vida


7. Moderna e Contemporânea


Eu mudei quando a via mudou

Eu corri quando a foto correu

Eu sondei quando a ideia sondou

Eu conferi o começo do desastre

Eu cheguei, e me tornei

Moderna


Eu acelerei quando a viagem acelerou

Eu percebi quando o avanço percebeu

Eu mostrei quando o conflito mostrou

Eu conferi o desfecho do desastre

Eu cheguei, eu me tornei

Contemporânea


Moderna e Contemporânea


Das fases que eu tive

Muitos expõem vocês

Seus vários ateliês


Suas impressões, expressões

Geometrias, alegorias


Das flores que eu tive

Muitos extraem vocês

Seus vários buques

Suas inovações, extensões

Filosofias, melodias


Moderna e Contemporânea


Abertas

Conexas

Perplexas

Complexas


Incertas

Libertas

Repletas

Despertas


Eternas conterrâneas

Eternas espontâneas

Eternas coletâneas

Moderna e Contemporânea


8. Suficiente


Quando tudo acabou

Achei que se afastaram

Foi quando ela falou:

Será que se importaram?


Quando tudo piorou

Achei que eu estava só

Foi quando ela falou:

Será que sentiram dó?


Quando tudo juntei

Achei que estava bom

Foi quando ela falou:

Será que refletir é dom?


Quando tudo relembrei

Achei que estava preparado

Foi quando ela falou:

Será que tem melhorado?


Suficiente

Eficiente

Resiliente

Suficiente


Suficiente

Experiente

Persistente

Suficiente


Suficiência é uma forma ousada

Pra não depender de ninguém

É uma forma muito usada

Pra não ser visto com desdém


Suficiência é uma lição construída

Pra não esperar a vontade alheia

É uma opção muito usada

Pra não cair em nenhuma teia


As pedras que me deram, obrigado

As faltas que me fizeram, obrigado


Obrigado por me tornarem suficiente


9. E eu achando...


Eu achando que não sentia mais aquilo

Que era passado, que eu estava perdoando

Mas aí eu explodi, o castelo implodi

Percebi que eu estava me enterrando

E eu achando...


Eu achando que não pensava mais aquilo

Que era passado, que eu estava superando

Mais aí eu recaí, o esforço retraí

Percebi que eu estava me evitando

E eu achando....


Eu achando

Que estava arrasando

Que estava recriando

Só estava me enganando

E eu achando....


Eu achando

Que estava melhorando

Que estava amparando

Só estava me quebrando

E eu achando...


Achando

Não estava melhorando

Não estava madurando

Não estava meditando


Achando

Não estava acreditando

Não estava apreciando

Não estava acertando


Achando

Em muitas hesitações

Em muitas lamentações


Achando

Em muitas expansões

Em muitas expressões


Eu achando que não conseguia mais escrever

Que era trivial, que eu estava enrolando

Mas aí eu tentei, os meus versos procurei

Percebi que eu estava me esforçando


E eu achando...


10. Invenção


Superioridade

Invenção

Reciprocidade

Invenção

Tudo é invenção


Naturalidade

Invenção

Complexidade

Invenção

Tudo é invenção


Desigualdade

Invenção

Sociedade

Invenção

Tudo é invenção


A doce invenção

A triste invenção

Provoca negação

Em toda reflexão


A calma invenção

A veloz intenção

Provoca confusão

Em toda noção


Nomenclatura

Invenção

Literatura

Invenção

Tudo é invenção


Cultura

Invenção

Pintura

Invenção

Tudo é invenção


Escultura

Invenção

Tessitura

Invenção

Tudo é invenção


A simples invenção

A ousada invenção

Provoca repetição

Em toda nação


A discreta invenção

A lembrada intenção

Provoca distração

Em toda privação


Invenção


11. Silêncio, tem artista aqui


Silêncio

Tem artista aqui


Silêncio

Tem artista criando

Artista precisa de paz

Um pouco de paz na algazarra


Silêncio

Tem artista gritando

Artista precisa de luta

Um pouco de luta na inércia


Silêncio

Tem artista aqui


Artista que viu a arte ser desprezada

Em ares de futilidade

Artista que viu a arte ser silenciada

Em planos de intrigas


Artista que viu o ofício ser questionado

Em ares de mentiras

Artista que viu o ofício ser atacado

Em planos de ruindade


Silêncio

Tem artista aqui


Vocês param tudo para desprezar

Por que desprezar a Arte?

A Arte nos seus diversos sonhos


Vocês param tudo para reprovar

Por que reprovar a Arte?

A Arte nos seus diversos campos


Silêncio

Tem artista aqui

 

Artista que faz tudo pela Arte

Apesar dos desastres

E das limitações


Artista que deve tudo à Arte

Apesar dos debates

E das contradições


Silêncio

Tem artista aqui


12. Escutem os barulhos


Escutem os barulhos


O barulho da cigarra me faz pensar

O barulho do grilo me faz calar

O barulho da coruja me faz temer

O barulho do sapo me faz esquecer


O barulho da caneta me faz rodear

O barulho do papel me faz afastar

O barulho do teclado me faz reter

O barulho da tela me faz prever


Escutem os barulhos


Barulhos de uma história inventada

Emendada, trespassada

Rechaçada


Barulhos de um meio esgotado

Chateado, forçado

Deslocado


Escutem os barulhos


Barulho das filhas da Arte

Filhas da Ciência

Filhas da Filosofia

Filhas do Saber


Barulho dos filhos do Supremo

Filhos do Absoluto

Filhos do Universo

Filhos da Transcendência


Escutem os barulhos


Barulhos de um poeta atento

Atento as barulhos invasores

Atento as barulhos interiores

Atento as barulhos instrutores


Barulhos de um eterno indagador

Indagador dos barulhos expulsados

Indagador dos barulhos escondidos

Indagador dos barulhos esquecidos


Escutem os barulhos


13. Junto, sou eclético


Junto, sou eclético

Não limito ao que está posto

Não me conformo, esse é meu gosto

Sou eclético, e junto a Arte


Junto, sou eclético

Não limito a minha instrução

Não me perturbo, essa é minha diversão

Sou eclético, e junto a Arte


Junto todos os períodos

Do antigo ao pós-moderno

Junto todos os pedidos

Do popular ao erudito


Junto os movimentos

Do Romantismo ao Art Noveau

Do Impressionismo ao Simbolismo


Junto os movimentos

Do Expressionismo ao Cubismo

Do Surrealismo ao Modernismo


Art Déco

Também junto

Pop Art

Também junto


Instalações

Também junto

Minimalismo

Também junto


Etnias

Também junto

Regionais

Também junto


Junto todas as formas

Das abstratas às concretas

Junto todas as escolas

Das nacionais às estrangeiras


Junto todas as técnicas

Som, papel, tela digital

Junto todas as categorias

Retrato, escultura, teatral


Junto todos os tipos

Música, pintura, literatura

Junto todos os suportes

Físico, mental, virtual


América, África, Ásia

Também junto

Oceania, Europa

Também junto


Brasil

Também junto

América Latina

Também junto


Oralidade

Também junto

Formalidade

Também junto


Junto, sou eclético


14. Expressão e Expansão


Estou escutando ventos

Ventos de Expressão e Expansão

Estou observando céus

Céus de Expressão e Expansão


Estalos, estalos


Vem vindo a reunião

Vem vindo a reparação


Estalos, estalos


Vem vindo a imersão

Vem vindo a invenção


Expressão e Expansão


Estou saboreando liberdades

Liberdades de Expressão e Expansão

Estou tateando universos

Universos de Expressão e Expansão


Estalos, estalos


Vem vindo a elevação

Vem vindo a educação


Estalos, estalos


Vem vindo a proteção

Vem vindo a prevenção


Expressão e Expansão


Estou cheirando mudanças

Mudanças de Expressão e Expansão

Estou adivinhando colheitas

Colheitas de Expressão e Expansão


Estalos, estalos


Vem vindo a cooperação

Vem vindo a constatação


Estalos, estalos


Vem vindo a orientação

Vem vindo a ordenação


Expressão e Expansão


É proibida a reprodução desta obra sem a devida citação/menção do autor.


Todos os direitos reservados.


Na mesa (do julgamento) - As autocríticas de Felipe Prasino (2023). Obs:. 8° livro de Felipe Prasino.

Cor: Preto

Símbolo matemático: Intersecção

Temas: Sinceridade, autojulgamento, seriedade, cansaço, medo, confusão, hipocrisia, fraquezas, imperfeição, consequências, corresponsabilidade, autodecepções, contradição

Data aproximada de escrita: agosto de 2023


1. Nunca amei, nunca fui amado


Nunca amei, nunca fui amado

Já dispensei, já fui dispensado


Sempre provoquei, sempre fui provocado

Já avisei, já fui avisado


Talvez me importei, talvez tenham se importado

Já enganei, já fui enganado


Não ser amado não é ruim

Depende muito de quem tu reclama

Se for uma pessoa bem chinfrim

É melhor ficar só do que na lama


Não ser amado não é ruim 

Depende muito se você se ama

Se for possível ir vivendo assim

É melhor que se meter num drama


Nunca amei, nunca fui amado

Já critiquei, já fui criticado


Sempre questionei, sempre fui questionado

Já procurei, já fui procurado


Talvez me mudei, talvez tenham me mudado

Já evitei, já fui evitado


Ser amado deve ser legal

Desde que haja muito respeito

Ser amado e se tornar especial

Desse modo ou de outro jeito


Ser amado dever ser interessante

Desde que haja companheirismo

Ser amado e se tornar cativante

Sem jogar o ser amado num abismo


Nunca amei, nunca fui amado

Ao menos esses temas foram notados

Ao menos esses versos foram grafados


Nunca amei, nunca fui amado

Ao menos esses juízos foram ponderados

Ao menos esses pontos foram suscitados


2. Cansativo


É cansativo pensar nisso todo dia

É cansativo nisso ter que pensar

Já pensei muito mais além do que podia

Já pensei muito e não quero me estressar


É cansativo falar nisso todo dia

É cansativo nisso ter que falar

Já falei muito mais além do que podia

Ja falei muito e não quero me estressar


Cansativo ter que atingir o inatíngivel

Cansativo ter que explicar o inexplicável

Cansativo ter que fingir que é agradável

Cansativo ter que mentir que é saudável


Cansativo ter que tolerar o intolerável

Cansativo ter que escutar o inescutável

Cansativo ter que fingir que é admirável

Cansativo ter que mentir que é sociável


Cansativo


Cansativo ver a sexualidade

Ser usada como um holofote

Pra todo tipo de futilidade


Cansativo ver a corporalidade

Ser usada como um padrão

Pra todo tipo de maldade


Cansado de ver a beleza

Ser usada como uma moeda de troca

Pra todo tipo de comodidade


Cansado de ver o medo

Ser usado como um artifício

Pra todo tipo de autoridade


Cansativo ver a arte

Ser usada como um meio

Pra perpetuação da desigualdade


Cansativo ver a vida

Ser usada como uma via

Pra perpetuação da falsidade


Cansativo


Foi cansativo até mesmo fazer esse poema


3. Na mesa (do julgamento)


Erros, bem muitos

Ideias indefesas

Enterros, fortuitos

Plateias desfeitas


Orgulhos, bem muitos

Cartadas certeiras

Ocultos, entulhos

Presepadas ilesas


Avisos, bem muitos

Condenações estreitas

Atritos, confusos

Decepções perfeitas


Respeitos, bem muitos

Influências eleitas

Refeitos, inúmeros

Vivências aceitas


Na mesa (do julgamento)

Bem preocupado, a todo tormento

Indignado com o barulhento

Na mesa (do julgamento)


Na mesa (do julgamento)

Bem concentrado, a todo evento

Enclausurado com o desalento

Na mesa (do julgamento)


Na mesa (do julgamento)

Bem estouvado, em algum pensamento

Bem reservado, em algum sentimento

Na mesa (do julgamento)


Na mesa (do julgamento)

Bem chateado, em algum segmento

Bem limitado, em algum intento

Na mesa (do julgamento)


Muitos me afrontam

Sei que tenho defeitos

Sim, sou do mesmo lado

Mas não exalto suspeitos


Muitos inventam

Sei que tenho orgulhos

Sim, estou me mudando

Mas não esqueço embrulhos


Muitos intentam

Sei que tenho receios

Sim, estou despertado 

Mas não excluo preceitos


Muitos me apontam

Sei que tenho entulho

Sim, sou do mesmo prado

Mas não exalto barulhos


Autocríticas

Nítidas e sinceras

Sérias e precisas

Autocríticas


Autocríticas

Na mesa (do julgamento)


4. Confuso


Volto, paro, talvez vou

Tudo aquilo já receio

Solto, encaro, nunca sou

Tudo aquilo que anseio


Penso, mudo, talvez sou

Tudo aquilo que semeio

Intenso, agudo, nunca vou

Tudo aquilo já rodeio


Confuso


Crio, estudo, talvez sou

Tudo aquilo que floreio

Rio, explodo, nunca vou

Tudo aquilo já mapeio


Entrego, procuro, talvez vou

Tudo aquilo já nomeio

Prego, inseguro, nunca sou

Tudo aquilo que permeio


Confuso


Confuso

Em todos anos, enganos

Azedos, desejos


Confuso

Em todos os planos, oceanos

Degredos, ensejos


Confuso


Confuso

Em todas as oficinas, esquinas

Colinas, plantações


Confuso

Em todas as neblinas, adrenalinas

Ruínas, desilusões


Confuso


Penso na minha confusão

Como um momento de refletir

Refletir o sentido da minha ação

Ação que precisa sempre se corrigir 


Penso na minha confusão

Como um alerta para questionar

Questionar o limite da minha profissão

Profissão que insiste em se renovar


Confuso


Volto, paro

Penso, mudo


Crio, estudo

Entrego, procuro


Confuso


5. Minhas fraquezas


Eu queria entender o por quê

O porquê minhas fraquezas vêm

Vem na quietude da noite


Minhas fraquezas apontam meus erros,

Meus desesperos, minhas lamentações

Minhas hesitações, minhas provocações


À minha mente passam ínumeras ideias

Identidades, sexualidades, personalidades

Masculinidades, idades, possibilidades


Vários temas se conectam ao meu intelecto

Moda, trabalho, estudo, criação, questões

Existência, transcedência, paciência


Fraquezas

Tristezas

Fraquezas


Fraquezas

Durezas

Fraquezas


Eu queria entender o por quê

O porquê minhas fraquezas vêm

Vêm na calma da alvorada


Minhas fraquezas apontam meus medos

Meus degredos, minhas limitações

Minhas distrações, minhas comoções


À minha consciência passam ínumeros relatos

Meus distratos, meus retratos

Meus hiatos, meus aparatos


Vários temas se conectam ao meu íntimo

Erro, culpa, omissão, conivência, preguiça

Responsabilidade, perigo, sobrevivência


Fraquezas

Surpresas

Fraquezas


Fraquezas

Clarezas

Fraquezas


6. Imperfeição (Tudo aquilo)


E tudo aquilo que a mim só distraia?

E tudo aquilo que eu julgava me perder?

E tudo aquilo que a mim só competia?

E tudo aquilo que eu julgava me mover?


E tudo aquilo que a tu só escrevia?

E tudo aquilo que eu esperava te ceder?

E tudo aquilo que a tu só protegia?

E tudo aquilo que eu esperava te deter?


Imperfeição

Imperfeição


E tudo aquilo que a mim só estressava?

E tudo aquilo que eu julgava me abster?

E tudo aquilo que a mim só interessava?

E tudo aquilo que eu julgava me reger?


E tudo aquilo que a tu só assombrava?

E tudo aquilo que eu esperava te trazer?

E tudo aquilo que a tu só confessava?

E tudo aquilo que eu esperava te prever?


Imperfeição

Imperfeição


Em todos os detalhes imperfeitos

As rimas imperfeitas

Os versos imperfeitos

As vidas imperfeitas

Os artistas imperfeitos

As obras imperfeitas


Em todos os cenários imperfeitos

As estradas imperfeitas

Os valores imperfeitos

As opções imperfeitas

Os juízos imperfeitos

As mesas imperfeitas


Imperfeição

Imperfeição


Tudo aquilo

Tudo aquilo


Imperfeição

Imperfeição


Tudo aquilo

Tudo aquilo


Imperfeição

Imperfeição


7. Ser nada, ter nada


Hoje eu não quero admitir nada

Hoje eu não quero sentir nada

Hoje eu não quero ter nada

Hoje eu não almejar nada

Hoje eu não quer ser nada


Hoje eu não quero chorar nada

Hoje eu não quero dizer nada

Hoje eu não quero pensar nada

Hoje eu não quero mudar nada

Hoje eu não quero ser nada


Ser nada, ter nada


Hoje eu não quero julgar nada

Hoje eu não quero rebater nada

Hoje eu não quero inspirar nada

Hoje eu não quero criar nada

Hoje eu não quero ter nada


Hoje eu não quero abrir nada

Hoje eu não quero fingir nada

Hoje eu não quero ver nada

Hoje eu não quero motivar nada

Hoje eu não quero ter nada


Ser nada, ter nada


Me deixem ser nada

Hoje eu quero ser nada

Só um dia na minha estrada

Hoje eu prefiro não ser nada


Me deixem ter nada

Hoje eu quero ter nada

Só um dia na minha jornada

Hoje eu prefiro não ter nada


Ser nada, ter nada


Ser nada, ter nada

Meu maior sonho nessa caminhada

Meu maior objetivo nessa palhaçada

Ser apenas nada

Ter apenas nada


Ser nada, ter nada

Minha melhor opção nessa temporada

Minha melhor opção nessa empreitada

Ser apenas nada

Ter apenas nada


Ser nada, ter nada


O desprendimento é a minha meta

A minha seta nesse materialismo insano

Desprenda também!


O desprendimento me completa

Me alerta nesse comodismo mundano

Desprenda também!


Ser nada, ter nada


Seja nada, tenha nada também!


7. Quando digo, digo


Quando digo futilidades adoram

Quando digo verdades odeiam

Quando digo novidades estranham

Quando digo saudades reijeitam


Quando digo tudo o que sou duvidam

Quando digo tudo o que faço rebaixam

Quando digo tudo o que peço comentam

Quando digo tudo o que dou avaliam


Quando digo, digo


Quando digo que eu não me importo

Importo, mas não cedo

Talvez pelo medo do resultado


Quando digo que eu me modifico

Modifico, mas não por vaidade

Talvez pela necessidade do esforço


Quando digo, digo


Quando digo o que está represado

Represado na minha mentalidade

Represado na minha capacidade

Represado


Quando digo o que está ultrapassado

Ultrapassado nessa concorrência

Ultrapassado nessa insistência

Ultrapassado nessa repetência

Ultrapassado


Quando digo, digo


Quando digo não tem quem me pare

Sou eterno, por mais que me afaste

Sei que todo esse desastre tem conserto

Qual mudança vem sem que algo se abale?


Quando digo não tem sutileza

Sou sensível, mas existe vital aspereza

Sei que todo esse disfarce tem prejuízos

Qual ardil vem sem que algo se pereça?


Quando digo, digo


Quando digo

Ás vezes penso

Ás vezes só digo

Mas sei das consequências


Quando digo

Ás vezes lembro

Ás vezes só provoco

Mas sei das incoerências


9. Corresponsável


Vivia em uma eterna ilusão

Sem saber o que devia ponderar

O mundo parecia uma diversão

Uma festa que eu devia frequentar


Vivia em um eterno sofrimento

Sem saber o que devia transformar

A vida parecia um lamento

Um castigo que eu devia suportar


Vivia em uma eterna prostração

Sem saber o que devia ajudar

O mundo parecia um vulcão

Um desastre que eu devia controlar


Vivia em um eterno pensamento

Sem saber o que devia questionar

A vida parecia um alheamento

Uma dúvida que eu devia ignorar


Corresponsável

Corresponsável

Pelos problemas humanos

Pelos caminhos insanos

Pelos feitos levianos

Vividos em vários bandos


Corresponsável

Pelas feridas despertas

Pelas confusões abertas

Pelas verdades encobertas

Vividas em várias eras


Corresponsável

Pelos medos indevidos

Pelos logros divididos

Pelos orgulhos promovidos

Vividos em vários sentidos


Corresponsável

Pelas lutas sectárias

Pelas afrontas diárias

Pelas decisões precárias

Vividas em várias áreas


Minha responsabilidade

Sua responsabilidade


Nossa responsabilidade

Responsabilidades


Corresponsável

Corresponsável


Corresponsável

Corresponsável


10. Autodecepções


Naquele dia eu entendi muito

Pensei que nunca ia me encorajar

Um receio de ser muito inseguro

Não via que eu podia me admirar


Naquele dia eu entendi muito

Pensei que nunca ia me aventurar

Um pesadelo de ser muito imaturo

Não via que eu podia me encontrar


Naquele dia eu entendi muito

Pensei que nunca ia me examinar

Um sofrimento de ser sem futuro

Não via que eu podia me inspirar


Naquele dia eu entendi muito

Pensei que nunca ia me sofisticar

Um capricho de ser sem apuro

Não via que eu podia me remodelar


Autodecepções


Minhas decepções foram muitas

Foram astutas, foram argutas

Mas me ensinaram, apesar das custas


Minhas decepções foram justas

Foram brutas, foram bruscas

Mas me ensinaram, apesar das lutas


Autodecepções


Demorei, era só entender

Que se limitar é pedir pra desaparecer

Que ser carente é pedir pra sofrer

Demorei, era só entender


Melhorei, era só entender

Que se autojulgar é pedir pra crescer

Que ser independente é pedir pra romper

Melhorei, era só entender


Autodecepções


Podia fazer várias coisas

Minhas decepções


Foram muitas, foram justas

Demorei, mas melhorei


Autodecepções


Naquele dia eu enfrentei muito

Obrigado, decepções


Naquele dia eu questionei muito

Obrigado, decepções


11. Contradição


Pensava que iria agradar

Que eu seria uma grande renovação

Porém, quando fui me enxergar

Só vivia apoiando o leilão


Pensava que iria produzir

Que eu teria uma grande composição

Porém, quando fui me analisar

Só vivia reforçando o bordão


Contradição


Pensava que iria ensinar

Que eu seria uma grande inspiração

Porém, quando eu fui me escutar

Só vivia caindo em repetição


Pensava que iria prenunciar

Que eu seria uma grande inovação

Porém, quando fui me explorar

Só vivia rodeando o chão


Contradição


Ser artista sem cair em contradição

Eis aí a minha grande intenção

Ser artista sem perder minha obrigação

Eis aí uma grande contradição


Ser pessoa sem cair em contradição

Eis aí a minha grande aflição

Ser pessoa sem perder minha direção

Eis aí outra grande contradição


Contradição


Eu me contradigo muito, há muito tempo

Eu me contradigo nas palavras, maneiras

Reflexões, em tudo que eu atormento

Eu me contradigo, em todos os âmbitos

Irritações, em tudo que eu comento

Eu me contradigo


Eu me contradigo pouco, há algum tempo

Eu me contradigo nos intervalos, vazios

Caminhos, eu tudo que eu semeio

Eu me contradigo, em todas as sensações

Hábitos, em tudo que eu permeio

Eu me contradigo


Contradição


Eu me revelo na contradição

Contradição


Eu me descubro na contradição

Contradição


12. Eu sabia


Me enganei de vários jeitos

Querendo me preservar

Eu senti todos os efeitos

Meus problemas a piorar


Me enganei com vários sujeitos

Querendo me ajudar

Eu senti todos os defeitos

Minhas dúvidas a aumentar


Eu sabia


Desde a pouca atenção, eu sabia

Desde a nítida preferência, eu sabia

Desde a disfarçada repulsa , eu sabia

Desde a rotineira maldade, eu sabia

Demorei a admitir, sim, eu demorei


Desde o ardiloso cuidado, eu sabia

Desde o simples desrespeito, eu sabia

Desde o forçado interesse, eu sabia

Desde o pequeno descaso, eu sabia

Demorei a admitir, sim, eu demorei


Eu sabia


Demorei pra interferir

Demorei pra modificar

Poderei ser direto?

Poderei me expressar?


Demorei pra refletir

Demorei pra confrontar

Poderei estar completo?

Poderei me libertar?


Eu sabia


Apesar dos enganos, eu sabia

Apesar dos jeitos, eu sabia

Apesar dos sujeitos, eu sabia

Apesar das demoras, eu sabia


Eu sabia


Apesar dos muitos, eu sabia

Apesar de ser, eu sabia

Apesar de estar, eu sabia

Apesar de mim, eu sabia


Eu sabia


Nada reprovei

Mas eu sabia


Nada instiguei

Mas eu sabia


É proibida a reprodução desta obra sem a devida citação/menção do autor.


Todos os direitos reservados.



Recolhimento - As pausas de Felipe Prasino (2023). Obs:. 7° livro de Felipe Prasino.

Cor: Cinza

Símbolo matemático: Aproximadamente igual à

Temas: Autoperdão, serenidade, resiliência, fé, cooperação, limites, respeito, responsabilidade, esquecimento e consciência

Data aproximada de escrita: julho de 2023


1. Eu não choro, alegria


Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida

Eu não choro, alegria 

Eu não choro, é a vida


Lembra o muito que eu gritei

Lembra o muito que eu sofri

Se eu ficasse nessa lógica

Teria chegado até aqui?


Lembra o muito que eu procurei

Lembra o muito que eu aprendi

Se eu não tocasse o meu barco

Teria uma rede por mim?


Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida

Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida


Lembra o muito que eu tentei

Lembra o muito que eu vivi

Se eu não suportasse aquele fardo

Teria quem o erguesse pra mim?


Lembra o muito que rezei

Lembra o muito que eu perdi

Se eu não me religasse

Teria quem o fizesse por mim?


Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida

Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida


Lembra o muito que eu pensei

Lembra o muito que eu escrevi

Se eu não me transformasse

Teria quem lembrasse de mim?


Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida

Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida


Lembra o muito que eu juntei

Lembra o muito que eu expeli

Se eu não me questionasse

Teria quem lutasse por mim?


Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida

Eu não choro, alegria

Eu não choro, é a vida


2. Recolhimento


Eu quero coisa que não existe

Só pra satisfazer a minha vontade

Por mais que eu esteja mais triste

Estou desejando saber a verdade


O vazio não me dá mais o medo

Estou chegando ao momento fatal

É um tempo que não existe segredo

O caminho verdadeiro afasta o mal


Recolhimento

Recolhimento


Me afastei de tudo

Daquele mundo que não tinha paz

Me cansei do mundo

Daquele tudo que não satisfaz


Me afastei da briga

Daquela intriga que não procurava

Me cansei do imundo 

Daquela ideia que não concordava


Aquela vida

Tão iludida

Já esquecida

Sobre o que é amor


Aquele meio

Em devaneio

Com muito anseio

Sobre o que é temor


Recolhimento

Um só momento

Lembro o lamento

Do que era prova


Recolhimento

Afastamento

Lembro o tormento

Do que se renova


Recolhimento

Um novo intento

Lembro o vento

Do que se informa


Recolhimento

Discernimento

Lembro do tempo

Do que se transforma


Recolhimento

Recohimento


3. Coisas da vida


Será que um dia saberei o que é o fim?

Será que eu dia saberei o que foi o começo?

Talvez saberei quem nos fez assim

Se foi o acaso, um descuido, um tropeço


Será que um dia saberei sobre tudo?

Será que um dia saberei a essência

Talvez saberei quem vingou, enfim

Se foi a calma, a perda ou a sobrevivência


São coisas da vida, meu bem

São coisas que o tempo vai decidindo

São coisas da vida, meu bem

Não adianta brigar, sofrer e ficar insistindo


São coisas da vida, meu bem

São coisas que o tempo vai explicando

São coisas da vida, meu bem

São coisas que o caminho vai alterando


São coisas da vida, meu bem

São coisas da vida


Será que um dia saberei o porquê de tanta luta?

Será que um dia saberei o porquê de tanto enterro?

Talvez saberei o valor da conduta

Seja pela instrução, sagacidade ou erro


Será que um dia saberei amar?

Será que um dia saberei reunir?

Talvez saberei a de orar

Seja pela divindade, cosmo ou altar


São coisas da vida, meu bem

São coisas que o sublime vai espalhando

São coisas da vida, meu bem

São coisas que o exemplo vai destacando


São coisas da vida, meu bem

São coisas que a união vai fortalecendo

São coisas da vida, meu bem

São coisas que a mente vai concebendo


São coisas da vida, meu bem

São coisas da vida


4. Perdão, Felipe


Perdão, Felipe

Perdão


Perdão, Felipe

Perdão


Perdão por tudo que te fiz aceitar

Perdão por tudo que te fiz passar

Perdão por querer pular jornadas

Perdão, te limitei, eu sei


Perdão por tudo que eu provoquei

Perdão por tudo que eu inventei

Perdão por querer fingir saber tudo

Perdão, te forçei, eu sei


Perdão, Felipe

Perdão


Perdão, Felipe

Perdão


Perdão


Nos momentos de recolhimento

Posso entender o quanto mudei

A reflexão me trouxe discernimento

Sobre todo o caminho que já trilhei


Perdão


Pensando nos dias que já passaram

Consigo analisar como eu lutei

A via me legou várias dúvidas

Sobre tudo que eu vivi e viverei


Perdão

Mais uma vez

Perdão


Perdão

Eu tentei

Perdão


Perdão

Eu chorei

Perdão


Perdão

Eu resisti

Perdão


Perdão

Por tudo que eu sofri

Por tudo que eu fiz por ti

Por tudo que eu fiz por mim


Perdão, Felipe

Perdão


Perdão, Felipe

Perdão


5. Queria


Queria que te respondesse

Mas mal sabia as perguntas

Queria que tu resolvesse

Mas mal sabia o que procuras


Queria que te protegesse

Mas mal pressentia as agruras

Queria que tu precavesse

Mas mal sabia o que aventuras


O grande mal da humanidade

É esperar que outro preencha

Preencha o vazio existente

Causa de muitos problemas


A grande sina do ser humano

É encontrar um meio de entender

Crescer na reflexão contínua

É um estímulo para continuar


Queria que te falasse

Mal eu mal sabia me expressar

Queria que tu ajudasse

Mas mal sabia como suportar


Queria que te agradasse

Mas eu mal sabia me comportar

Queria que tu provocasse

Mas mal sabia como questionar


Outro mal da humanidade

É esperar pela mudança alheia

Repensar toda possibilidade

Vai agindo no que te rodeia


Outra sina do ser humano

É buscar o amor no outro ser

Florescer o autoamor sem engano

Melhora todo tipo de envolver


Queria que me falasse tantas coisas

Eu queria te falar tantas coisas

E que nesses tantas palavras

Me lembrasse do que é importante


Queria que me entendesse tantas vezes

Eu queria te entender tantas vezes

E que nessas tantas vezes

Me lembrasse de todo instante


Queria


6. Limites


Limites

Me irritam

Pois se deslocam

E se estiram


Limites

Me irritam

Pois se convidam

E se aglutinam


Limites que me inspiram

Limites que me atraem

Ideias que não viram

Momentos que esvaem


Limites que me irritam

Limites que me distraem

Questões que não afirmam

Valores que abstraem


Limite de tempo

Inteligência, paciência

Limite de exemplo

Consciência, resistência


Limite de afeto

Amizade, lealdade

Limite de teto

Vontade, igualdade


Limites


Limite de inovação

Limite de personalidade

Limite de educação

Limite de honestidade


Limite de respeito

Limite de sabedoria

Limite de conceito

Limite de democracia


Limites


Estou perto de atingir os limites

Será que aceitarei as consequências?

Voltar atrás agora é imprudente

Pois teria que negar toda minha vivência


Estou perto de atingir os limites

Será que suportarei as turbulências?

Deixar tudo que eu fiz é inútil

Pois teria que aceitar toda coveniência


Limites


7. Por favor (Te peço, me peça)


Por favor

Não posso ver o amor onde não existe

Não posso fingir que sinto falta

Não posso entender tanta mentira


Por favor

Não posso ser uma pessoa ideal

Não posso ignorar que erro muito

Não posso evitar essa sinceridade


Por favor


Por favor

Te peço que seja exceção

Te peço que seja resiliência

Te peço que seja acréscimo


Por favor

Me peça que seja superação

Me peça que seja tentativa

Me peça que seja diferença


Por favor

Te peço

Me peça


Por favor

Não posso ver o medo onde existe luta

Não posso fingir que ignoro o fútil

Não posso entender tanta maldade


Por favor

Não posso ser uma pessoa amarga

Não posso ignorar que falo muito

Não posso evitar essa criticidade


Por favor

Te peço

Me peça


Eu te peço

Você me peça

E aos tropeços

A gente vai pedindo

Refletindo, desenhando


Eu te peço

Você me peça

E aos recomeços

A gente vai subindo

Transmitindo, motivando


Por favor

Te peço

Me peça


8. Sereno


Sereno

Encontrei outro terreno

Onde poderei crescer


Sereno

Encontrei outro aceno

Onde poderei dizer


Todo aquele ímpeto

Ódio e aflição

Passaram feito estalo

Ficaram na alusão


Toda aquela raiva

Mágoa e aversão

Passaram feito tempo

Ficaram na extinção


Sereno

Encontrei outra verdade

Tão distante da maldade

Que eu mesmo tolerei


Sereno

Encontrei tranquilidade

Tão distante da vaidade

Que eu mesmo cultivei


Sereno

Encarei a falsidade

Tão perto da realidade

Que eu mesmo sustentei


Sereno

Encarei a futilidade

Tão perto da ansiedade

Que eu mesmo despertei


Sereno

Tão perto

Tão certo


Sereno

Tão distante

Tão vigilante


Sereno

Estarei mais ameno

E poderei então envolver 


Sereno

Estarei mais pleno

E poderei então escrever


9. Defendam, respeitem a arte


Olhem, defendam

Respeitem a arte

Questionem, se entendam

Previnam um desastre


Eu

Artesão da palavra

Sei que ela tem que ser cuidada

A palavra não deve ser maltratada


Eu

Burilador do conceito

Sei que ele sempre impacta

O conceito não deve ser desprezado


Eu

Pupilo do movimento

Sei que ele deve ser incentivado

O movimento não deve ser exilado


Eu

Descendente da expressão

Sei que ela sempre ultrapassa

A expressão não deve ser desviada


Eu 

Defensor da palavra

Defensor do conceito

Defensor do movimento

Defensor da expresão


Eu

Defensor da música

Defensor da literatura

Defensor da lírica

Defensor da arte


Vocês

Responsáveis pelo saber

Responsavéis pelo dizer

Responsáveis pelo comover


Nós

Responsáveis pela tristeza

Responsáveis pela beleza

Responsáveis pela franqueza


Olhem, defendam

Valorizem a arte

Construam, se unam

Antes que o mal se alargue


Defendam, respeitem a arte


10. Acreditar


Quando tudo pareceu perdido

Nunca parei de acreditar

Mesmo quando tinha esquecido

Sempre lembrei de tentar


Quando tudo pareceu marasmo

Nunca parei de acreditar

Mesmo quando perdia o sarcasmo

Nunca parei de inventar


Acreditar

Nas pessoas

Na verdade

Nas inspirações

Nas possibilidades


Acreditar

Nos auxílios

No caminho

Nos sentidos

Nos carinhos

Acreditar


Quando tudo pareceu maldade

Nunca parei de constestar

Mesmo quando vi o nevoeiro

Sempre lembrei de observar


Quando tudo pareceu tristeza

Nunca parei de animar

Mesmo quando vi a desordem

Sempre lembrei de rogar


Acreditar

Nas qualidades

Na ideia

Nas ajudas

Nas estreias


Acreditar

Nos ensinos

No infinito 

Nos pilares

Nos escritos


Acreditar

Sempre

Tentar


Acreditar

Sempre

Inventar


Acreditar

Sempre

Observar


Acreditar

Sempre

Rogar


Acreditar


11. Esquecimento


Perdoar é quase impossível

Esquecer é ainda mais

Se lembro tudo que foi dito

Apenas ficarei mordaz


Perdoar é quase indefinível

Esquecer é ainda mais

Se lembro todos os bloqueios

Apenas ficarei tenaz


Esquecimento

Dos próprios erros

Dos erros alheios

Dos vários tropeços

De todo passado


Esquecimento

Dos próprios resultados

Dos tormentos alheios

Dos vários desgostos

De todo receio


Esquecimento

Das próprias dificuldades

Das faltas alheias

Das várias escolhas

De toda queda


Esquecimento

Das próprias indecisões

Das relutâncias alheias

Das várias mágoas

De toda recaída


Esquecimento


Perdoar é importante

Esquecer é ainda mais

Se perdoo tudo que foi feito

Descansarei vivaz


Perdoar é inspirador

Esquecer é ainda mais

Se perdoo todos os defeitos

Descansarei sagaz


Esquecimento

De tudo

De todos


Esquecimento

Dos afetos

Dos outros


Esquecimento


12. Consciência


Não se esqueçam da consciência

Ela ultrapassa a limitação

Ela lembra da ausência

E também da distração


Eu fico bem quieto

Fixando a correria

Os que se pensam espertos

Mas gastam mal a energia


Eu fico afastado

Fixando a confusão

O que se pensam letrados

Mas enganam a multidão


Eu fico bem triste

Fixando o desespero

O que pensam que existe

Mas é tudo exagero


Eu fico revoltado

Fixando a explicação

O que se pensam iluminados

Mas só trazem repressão


Consciência

Cada dia da existência

É preparar a paciência

É entender a reticência

É analisar a influência


Consciência

Cada palavra de sapiência

É exercitar a clemência

É construir a resiliência

É ampliar a inteligência


Consciência


Consciência

Energia

Multidão

Exagero

Repressão


Consciência

Existência

Paciência

Reticência

Influência


Consciência

Sapiência

Clemência

Resiliência

Inteligência


Consciência


Não se esqueçam da consciência

Ela revela a enganação

Ela fala da persistência

E também da sucessão


Consciência


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