sexta-feira, 16 de agosto de 2024

A Era dos Reajustes - As observações de Felipe Prasino (2024). Obs:. 14° livro de Felipe Prasino.

Cor: Branca


Símbolo matemático: Chaves


Temas: Interesse, voz, limite, preparação, condição, decepção, aparência, aventura, escolha, indagação, advertência, ação, reajustes


Data aproximada de escrita: julho e agosto de 2024


1. O pedaço que agrada


O pedaço que agrada

Pula tudo o que importa

Esconde o lado mais bonito

Mostra ao próximo o que deplora


O pedaço que agrada

Joga fora o que espanta

Esconde o lado mais sublime

Mostra ao próximo o que arranca


Esquece, ou faz questão de esquecer

Existem dois lados, duas bases

Existem respeitos a esmaecer


Repele, ou faz questão de repelir

Reúnem dois fardos, duas fases

Reúnem direitos a resistir


O pedaço que agrada

Não confere o escrutínio

A força que desaba

Não concebe o extermínio


O pedaço que agrada

Não impele a renovação 

A natureza que degrada

Não ingere a reprovação


Escrevo, ou faço questão de escrever

Envio dois bardos, dois carismas

Envio romances a escolher


Canto, ou faço questão de cantar

Cavo dois brados, dois prismas

Cavo histórias a reconsiderar


O pedaço que importa

Vai cair por ter mentido

Jogou fora a confiança

Vai sofrer por ter omitido


O pedaço que importa


Vai cair por ser questionado

Pulou fora a temperança

Vai sofrer por ter manipulado


O pedaço que agrada

E agradou

Não agradará sozinho


O pedaço que agrada

E agradou

Não definirá caminho


2. Só falarei... (Não consigo)


Agora só falarei o trivial

Tomar um lado me trouxe problema

Esquecerei o mundo tão desigual

Confrontar não burlou o sistema


Agora só falarei a futilidade

Estudar o fato me trouxe dilema

Descansarei a mente em saudade

Lamentar não derrubou o esquema


Só falarei...

Não consigo

Só falarei...

Não consigo


Não consigo desver a desigualdade

A crueldade cometida desde muito tempo

Não consigo desver a cumplicidade

A humildade ignorada desde muito evento


Gênero que se impôs a custa do outro

Vida repressora como sinal de desgosto

A imprudência sendo validade por um lado

Vida privativa como sinal de imposto


Liberdade que se trilhou a custa da outra

Vida cansativa como sinal de aprovação

A angústia sendo incentivada por um lado

Vida supressora como sinal de redenção


Só falarei o que quero alterar

Malgrado a posição que me defronta

Sei que tenho muito a remexer

Malgrado a situação que me remonta


Só falarei o que quero indicar

Malgrado a limitação que me avança

Sei que tenho muito a conceber

Malgrado a inspiração que me balança


Medo que se criou, alegando proteção

Trauma que se fincou, alegando reputação

Ódio que se alastrou, alegando distinção

Ensino que se evitou, alegando rebelião


Casamento que se arranjou, alegando companhia

Felicidade que se enterrou, alegando histeria

Posse que se retirou, alegando mentoria

Vida que se travou, alegando alegria


Só falarei...

Não consigo

Só falarei...

Não consigo


3. O limite em ceder


Exaustão

Apagamento

Confusão

Isolamento


Imposição

Afobamento

Decepção

Sofrimento


O limite em ceder

Quanto poderei diminuir?

A rotina de sorver

Quanto poderei garantir?


O limite em ceder

Quanto poderei recuperar?

A fadiga de prever

Quanto poderei sustentar?


O desprezo em não perceber

O esforço pra não demolir

O perigo em não entender

O cuidado pra não afligir


O descaso em não precaver

O pedido pra não explodir

O barulho em não acolher

O jeito pra não ressentir


Quem estudará o limite?

Quem estudará o ceder?

Se uma parte sempre suporta tudo

Quando a outra irá receber?


Quem estudará a necessidade?

Quem praticará o ceder?

Se uma parte sempre aproveita tudo

Quando a outra irá devolver?


Ceder

Sem ofender sua condição

Ceder

Sem exaltar sua posição


Ceder

Sem fixar seu pensamento

Ceder

Sem remover seu sentimento


O limite em ceder


4. Preparação


Quatro anos me dediquei

Os poemas são as minhas indagações

Houve vezes que repensei

As respostas são as minhas sugestões


Várias linhas escreverei

Os problemas são as minhas reparações

Houve perdas que lastimei

As lições são as minhas depurações


Preparação


Questiono frequentemente

Porque continuar o ofício de escrever?

O vazio será preenchido escrevendo?

E quando eu não conseguir discorrer?


Sofro conscientemente

Porque trilhar o caminho de procurar?

O saber será alcançado procurando?

E quando eu não conseguir encontrar?


Preparação


Quantos séculos me desviei

Os delírios são as minhas provações

Houve vezes que fraquejei

As quedas são as minhas punições


Vários livros meditarei

Os conceitos são as minhas expansões

Houve vezes que hesitei

As lacunas sãos as minhas motivações


Preparação


A igualdade que eu almejei

A rima que eu conquistei

O respeito que eu lapidei

O descaso que eu indiquei


A valorização que eu levantei

A beleza que eu transmutei

O reajuste que eu amparei

O período que eu informei


Preparação


5. Condição


Reafirmo, cravo o pé

Minha condição não é sortilégio

Realizo, chamo a fé

Minha condição não traz privilégio


Desconfio, cravo o pé

Minha condição não é império

Desafio, chamo a fé

Minha condição não traz mistério


Mentalizo, cravo o pé

Minha condição não é dispensa

Medianizo, chamo a fé

Minha condição não traz ofensa


Reescuto, cravo o pé

Minha condição não é licença

Refuto, chamo a fé

Minha condição não traz doença


Condição


O gênero que não é respeitado

É preciso gritar?

O caminho que é desprezado

É preciso gritar?


A ignorância que é continuada?

É preciso gritar?

A orientação que é atacada?

É preciso gritar?


O sexo que é estimado?

É preciso gritar?

O medo que é incitado?

É preciso gritar?


A luta que é zombada?

É preciso gritar?

A vida que é dizimada

É preciso gritar?


Condição não é limite

Sexualidade não é limite

Religião não é limite

Arte não é limite


Política não é limite

Sociedade não é limite

Ciência não é limite

Opinião não é limite


Não deixe te maltratar!

Não deixe te apagar!

Não deixe te governar!

Não deixe te arruinar!


Não se limite!

Não se limite!

Não deixe te limitar!

Não deixe te limitar!


Condição


6. Ainda gostará de mim?


Ainda gostará de mim?

Quando apontar as ruínas?

Quando desgastar a sociedade?

Quando refazer as gravuras?

Quando incomodar a maldade?


Ainda gostará de mim?

Quando desagradar as criaturas?

Quando esquecer a utilidade?

Quando remover as falhas?

Quando apurar a felicidade?


A sexualidade será estudada, respeitada

A empatia será incentivada, valorizada

A ignorância será abandonada, evitada

A harmonia será retomada, desejada


A existência será ponderada, melhorada

A igualdade será encontrada, almejada

A mentira será condenada, rechaçada

A busca será aguçada, orientada


Ainda gostará de mim?

Quando o reajuste terminar?

Ainda gostará de mim?

Quando a ira abrandar?


Ainda gostará de mim?

Quando o respeito começar?

Ainda gostará de mim?

Quando a discórdia revidar?


Talentos são diferentes

Escolhas deveriam florescer

Preconceitos são controversos

Multidões deveriam conhecer


Medos são enganosos

Ideias deveriam construir

Conflitos são horrorosos

Uniões deveriam instruir


Ainda gostará de mim?

Quando tudo for falado?

Ainda gostará de mim?

Quando tudo for lembrado?


Ainda gostará de mim?

Quando tudo for guardado?

Ainda gostará de mim?

Quando tudo for mudado?


7. Nada segura (O vazio da aparência)


Olho pra você

Não tenho nada pra dizer

Você olha pra mim

Não tenho nada pra contar


Pergunto pra você

Não tenho nada pra rever

Você pergunta pra mim

Não tenho nada pra somar


Nada segura

Se a superfície desabar

Se é complexo perdura

Até o mistério decifrar


Nada segura

Se a imagem engessar

Se é esbelto costura

Até o manto depurar


Nada segura

(O vazio da aparência)


Sua masculinidade forçada

Ninguém atura

Sua feminilidade forjada

Ninguém atura


Sua integridade forçada

Ninguém atura

Sua moralidade forjada

Ninguém atura


O vazio da aparência

Não pode mais apoiar

O poder que é cesura

Não pode mais saciar


O vazio da aparência

Não pode mais afastar

O prazer que é loucura 

Não pode mais simular


Nada segura

(O vazio da aparência)


8. Minhas andanças


Minhas andanças me afastaram de você

Eu não poderia apoiar a desigualdade

Minhas lembranças me alertaram de você

Eu não poderia suportar a fragilidade


Minhas andanças me afastaram de você

Eu não poderia ajudar a insensatez

Minhas cobranças me livraram de você

Eu não poderia imaginar a mesquinhez


Minhas andanças


A fraqueza é um terreno perigoso

Pisei em solos que poderiam me ceifar

O desgosto é um remédio doloroso

Tomei em goles que deveriam me curar


A independência é um voo belicoso

Respirei em ares que poderiam me lograr

O aprimoramento é um meio laborioso

Trabalhei em feitos que deveriam me lavar

Minhas andanças


Andanças que mostraram o vazio

A tranquilidade que ainda não atingi

Andanças que chamaram desafio

O conhecimento que ainda não refleti


Andanças que moldaram o caminho

A hesitação que ainda não resolvi

Andanças que ajeitaram o desalinho

O entendimento que ainda não acolhi


Minhas andanças


Andanças confrontam divisões

Os focos que são letais

Andanças confrontam imitações

As brigas que são banais


Andanças confrontam multidões

Os medos que são mentais

Andanças confrontam omissões

As vigas que são centrais


Minhas andanças


9. Por que, Feminino?


A repressão te limitou

A mancha foi ter te ignorado

O ódio te isolou

O golpe foi ter te arruinado


A ignorância te condenou

A traição foi ter te expulsado

O temor te apagou

O erro foi ter te assustado


Porque, Feminino?


Por que, Feminino?

Você foi tão desprezado?

Tão demonizado?


Por que, Feminino?

Você não foi estudado?

Não foi valorizado?


Por que, Feminino?

Você é tão vigiado?

Tão controlado?


Por que, Feminino?

Você não é respeitado?

Não é incentivado?


Por que, Feminino?


Você é muito cobrado

Os críticos te chamam de vitimista

Você é muito anulado

Os leigos te chamam de feminista


Você é muito previdente

Os machistas te acusam de privilégios

Você é muito consciente

Os moralistas te acusam de sortilégios


Por que, Feminino?


Masculino, reconhecerá a produção do Feminino?

Masculino, reconhecerá a estima pelo Feminino?


Masculino, reconhecerá a relevância do Feminino?

Masculino, reconhecerá a admiração pelo Feminino?


Por que, Feminino?


10. Evito gente alienada (Sou alienado?)


Evito gente alienada

Que não enxergam a própria condição

Que tem desprezo pela situação

Que só pensa nos próprios problemas


Evito gente alienada

Que não ajudam a conhecida multidão

Que tem fascínio pela rebelião

Que só grita pelos antigos dilemas


Evito gente alienada


Perdi meu tempo com gente alienada

Foi um erro que paguei alto preço

Me ignoram no virtual e na rua

Ampará-los me causou só tropeço


Perdi meu tempo com gente alienada

Foi um desgosto que recebi espinho

Me odiaram no sol e na lua

Estimá-los me legou só desalinho


Evito gente alienada


Alienados e alienados, se estudem!

Não veem que a vossa alienação atrapalha o mundo?

Não veem que a exaltação geral não dura um segundo?

Não veem que o desvio não mostra tudo?


Alienados e alienadas, se estudem!

Não veem que a vossa alienação impede a apuração da humanidade?

Não veem que a renovação total estraçalha a maldade?

Não veem que o vazio não ensina tudo?


Evito gente alienada


Sou alienado? Contribuo para alienação?

Quais impressões são alienadas?

Quais produções são alienadas?

Quais observações são alienadas?


Sou alienado? Contribuo para alienação?

Quais hesitações são alienadas?

Quais informações são alienadas?

Quais reflexões são alienadas?


Evito gente alienada


11. Não, não vão!


Zombaram de você

O que dizia é sem sentido?

Não!


Cansaram de você

O que vivia é sem sentido?

Não!


Roubaram de você

O que queria é sem sentido?

Não!


Ocultaram de você 

O que sabia é sem sentido?

Não!


Não vão zombar, não!

Já tentaram me calar

Não!


Não vão cansar, não!

Já tentaram me julgar

Não!


Não vão roubar, não!

Já tentaram me vetar

Não!


Não vão ocultar, não!

Já tentaram me matar

Não!


Não, não vão!


Não adoeçam mais!

Reformem o viver!

Não atrapalhem mais!

Instruam o poder!


Não ofendam mais!

Rejeitem a divisão!

Não estraguem mais!

Destruam a opressão!


Será que vão?


12. A Era dos Reajustes


Meu amor, estamos na Era dos Reajustes

Não endossaremos banalidades


A Era dos Reajustes

A mulher deverá viver

O erro que nos desune

Irá se arrepender


A Era dos Reajustes

O homem deverá respeitar

A ideia que nos assume

Irá se aprimorar


A Era dos Reajustes

A mulher deverá prosperar

O cuidado que nos habita

Irá reaproximar


A Era dos Reajustes

O homem deverá entender

A divisão que nos limita

Irá desaparecer


Pessoas, essa é a Era dos Reajustes!

Pessoas, não queremos mais embustes!


Pessoas, essa é a Era dos Reajustes!

Pessoas, não queremos mais abutres!


Mulheres, sejam as donas de todas as eras!

Mulheres, sejam as donas! Percebam as esperas!


Mulheres, sejam as donas de todas as eras!

Mulheres, sejam as donas! Percebam as esferas!


A Era dos Reajustes é agora!

Vamos aprender com a era!


A Era dos Reajustes é agora

Vamos escrever com a era!


Meu amor, estamos na Era dos Reajustes

Não endossaremos atrocidades


É proibida a reprodução desta obra sem a devida citação/menção do autor.


Todos os direitos reservados