Cor: Branca
Símbolo matemático: Chaves
Temas: Interesse, voz, limite, preparação, condição, decepção, aparência, aventura, escolha, indagação, advertência, ação, reajustes
Data aproximada de escrita: julho e agosto de 2024
1. O pedaço que agrada
O pedaço que agrada
Pula tudo o que importa
Esconde o lado mais bonito
Mostra ao próximo o que deplora
O pedaço que agrada
Joga fora o que espanta
Esconde o lado mais sublime
Mostra ao próximo o que arranca
Esquece, ou faz questão de esquecer
Existem dois lados, duas bases
Existem respeitos a esmaecer
Repele, ou faz questão de repelir
Reúnem dois fardos, duas fases
Reúnem direitos a resistir
O pedaço que agrada
Não confere o escrutínio
A força que desaba
Não concebe o extermínio
O pedaço que agrada
Não impele a renovação
A natureza que degrada
Não ingere a reprovação
Escrevo, ou faço questão de escrever
Envio dois bardos, dois carismas
Envio romances a escolher
Canto, ou faço questão de cantar
Cavo dois brados, dois prismas
Cavo histórias a reconsiderar
O pedaço que importa
Vai cair por ter mentido
Jogou fora a confiança
Vai sofrer por ter omitido
O pedaço que importa
Vai cair por ser questionado
Pulou fora a temperança
Vai sofrer por ter manipulado
O pedaço que agrada
E agradou
Não agradará sozinho
O pedaço que agrada
E agradou
Não definirá caminho
2. Só falarei... (Não consigo)
Agora só falarei o trivial
Tomar um lado me trouxe problema
Esquecerei o mundo tão desigual
Confrontar não burlou o sistema
Agora só falarei a futilidade
Estudar o fato me trouxe dilema
Descansarei a mente em saudade
Lamentar não derrubou o esquema
Só falarei...
Não consigo
Só falarei...
Não consigo
Não consigo desver a desigualdade
A crueldade cometida desde muito tempo
Não consigo desver a cumplicidade
A humildade ignorada desde muito evento
Gênero que se impôs a custa do outro
Vida repressora como sinal de desgosto
A imprudência sendo validade por um lado
Vida privativa como sinal de imposto
Liberdade que se trilhou a custa da outra
Vida cansativa como sinal de aprovação
A angústia sendo incentivada por um lado
Vida supressora como sinal de redenção
Só falarei o que quero alterar
Malgrado a posição que me defronta
Sei que tenho muito a remexer
Malgrado a situação que me remonta
Só falarei o que quero indicar
Malgrado a limitação que me avança
Sei que tenho muito a conceber
Malgrado a inspiração que me balança
Medo que se criou, alegando proteção
Trauma que se fincou, alegando reputação
Ódio que se alastrou, alegando distinção
Ensino que se evitou, alegando rebelião
Casamento que se arranjou, alegando companhia
Felicidade que se enterrou, alegando histeria
Posse que se retirou, alegando mentoria
Vida que se travou, alegando alegria
Só falarei...
Não consigo
Só falarei...
Não consigo
3. O limite em ceder
Exaustão
Apagamento
Confusão
Isolamento
Imposição
Afobamento
Decepção
Sofrimento
O limite em ceder
Quanto poderei diminuir?
A rotina de sorver
Quanto poderei garantir?
O limite em ceder
Quanto poderei recuperar?
A fadiga de prever
Quanto poderei sustentar?
O desprezo em não perceber
O esforço pra não demolir
O perigo em não entender
O cuidado pra não afligir
O descaso em não precaver
O pedido pra não explodir
O barulho em não acolher
O jeito pra não ressentir
Quem estudará o limite?
Quem estudará o ceder?
Se uma parte sempre suporta tudo
Quando a outra irá receber?
Quem estudará a necessidade?
Quem praticará o ceder?
Se uma parte sempre aproveita tudo
Quando a outra irá devolver?
Ceder
Sem ofender sua condição
Ceder
Sem exaltar sua posição
Ceder
Sem fixar seu pensamento
Ceder
Sem remover seu sentimento
O limite em ceder
4. Preparação
Quatro anos me dediquei
Os poemas são as minhas indagações
Houve vezes que repensei
As respostas são as minhas sugestões
Várias linhas escreverei
Os problemas são as minhas reparações
Houve perdas que lastimei
As lições são as minhas depurações
Preparação
Questiono frequentemente
Porque continuar o ofício de escrever?
O vazio será preenchido escrevendo?
E quando eu não conseguir discorrer?
Sofro conscientemente
Porque trilhar o caminho de procurar?
O saber será alcançado procurando?
E quando eu não conseguir encontrar?
Preparação
Quantos séculos me desviei
Os delírios são as minhas provações
Houve vezes que fraquejei
As quedas são as minhas punições
Vários livros meditarei
Os conceitos são as minhas expansões
Houve vezes que hesitei
As lacunas sãos as minhas motivações
Preparação
A igualdade que eu almejei
A rima que eu conquistei
O respeito que eu lapidei
O descaso que eu indiquei
A valorização que eu levantei
A beleza que eu transmutei
O reajuste que eu amparei
O período que eu informei
Preparação
5. Condição
Reafirmo, cravo o pé
Minha condição não é sortilégio
Realizo, chamo a fé
Minha condição não traz privilégio
Desconfio, cravo o pé
Minha condição não é império
Desafio, chamo a fé
Minha condição não traz mistério
Mentalizo, cravo o pé
Minha condição não é dispensa
Medianizo, chamo a fé
Minha condição não traz ofensa
Reescuto, cravo o pé
Minha condição não é licença
Refuto, chamo a fé
Minha condição não traz doença
Condição
O gênero que não é respeitado
É preciso gritar?
O caminho que é desprezado
É preciso gritar?
A ignorância que é continuada?
É preciso gritar?
A orientação que é atacada?
É preciso gritar?
O sexo que é estimado?
É preciso gritar?
O medo que é incitado?
É preciso gritar?
A luta que é zombada?
É preciso gritar?
A vida que é dizimada
É preciso gritar?
Condição não é limite
Sexualidade não é limite
Religião não é limite
Arte não é limite
Política não é limite
Sociedade não é limite
Ciência não é limite
Opinião não é limite
Não deixe te maltratar!
Não deixe te apagar!
Não deixe te governar!
Não deixe te arruinar!
Não se limite!
Não se limite!
Não deixe te limitar!
Não deixe te limitar!
Condição
6. Ainda gostará de mim?
Ainda gostará de mim?
Quando apontar as ruínas?
Quando desgastar a sociedade?
Quando refazer as gravuras?
Quando incomodar a maldade?
Ainda gostará de mim?
Quando desagradar as criaturas?
Quando esquecer a utilidade?
Quando remover as falhas?
Quando apurar a felicidade?
A sexualidade será estudada, respeitada
A empatia será incentivada, valorizada
A ignorância será abandonada, evitada
A harmonia será retomada, desejada
A existência será ponderada, melhorada
A igualdade será encontrada, almejada
A mentira será condenada, rechaçada
A busca será aguçada, orientada
Ainda gostará de mim?
Quando o reajuste terminar?
Ainda gostará de mim?
Quando a ira abrandar?
Ainda gostará de mim?
Quando o respeito começar?
Ainda gostará de mim?
Quando a discórdia revidar?
Talentos são diferentes
Escolhas deveriam florescer
Preconceitos são controversos
Multidões deveriam conhecer
Medos são enganosos
Ideias deveriam construir
Conflitos são horrorosos
Uniões deveriam instruir
Ainda gostará de mim?
Quando tudo for falado?
Ainda gostará de mim?
Quando tudo for lembrado?
Ainda gostará de mim?
Quando tudo for guardado?
Ainda gostará de mim?
Quando tudo for mudado?
7. Nada segura (O vazio da aparência)
Olho pra você
Não tenho nada pra dizer
Você olha pra mim
Não tenho nada pra contar
Pergunto pra você
Não tenho nada pra rever
Você pergunta pra mim
Não tenho nada pra somar
Nada segura
Se a superfície desabar
Se é complexo perdura
Até o mistério decifrar
Nada segura
Se a imagem engessar
Se é esbelto costura
Até o manto depurar
Nada segura
(O vazio da aparência)
Sua masculinidade forçada
Ninguém atura
Sua feminilidade forjada
Ninguém atura
Sua integridade forçada
Ninguém atura
Sua moralidade forjada
Ninguém atura
O vazio da aparência
Não pode mais apoiar
O poder que é cesura
Não pode mais saciar
O vazio da aparência
Não pode mais afastar
O prazer que é loucura
Não pode mais simular
Nada segura
(O vazio da aparência)
8. Minhas andanças
Minhas andanças me afastaram de você
Eu não poderia apoiar a desigualdade
Minhas lembranças me alertaram de você
Eu não poderia suportar a fragilidade
Minhas andanças me afastaram de você
Eu não poderia ajudar a insensatez
Minhas cobranças me livraram de você
Eu não poderia imaginar a mesquinhez
Minhas andanças
A fraqueza é um terreno perigoso
Pisei em solos que poderiam me ceifar
O desgosto é um remédio doloroso
Tomei em goles que deveriam me curar
A independência é um voo belicoso
Respirei em ares que poderiam me lograr
O aprimoramento é um meio laborioso
Trabalhei em feitos que deveriam me lavar
Minhas andanças
Andanças que mostraram o vazio
A tranquilidade que ainda não atingi
Andanças que chamaram desafio
O conhecimento que ainda não refleti
Andanças que moldaram o caminho
A hesitação que ainda não resolvi
Andanças que ajeitaram o desalinho
O entendimento que ainda não acolhi
Minhas andanças
Andanças confrontam divisões
Os focos que são letais
Andanças confrontam imitações
As brigas que são banais
Andanças confrontam multidões
Os medos que são mentais
Andanças confrontam omissões
As vigas que são centrais
Minhas andanças
9. Por que, Feminino?
A repressão te limitou
A mancha foi ter te ignorado
O ódio te isolou
O golpe foi ter te arruinado
A ignorância te condenou
A traição foi ter te expulsado
O temor te apagou
O erro foi ter te assustado
Porque, Feminino?
Por que, Feminino?
Você foi tão desprezado?
Tão demonizado?
Por que, Feminino?
Você não foi estudado?
Não foi valorizado?
Por que, Feminino?
Você é tão vigiado?
Tão controlado?
Por que, Feminino?
Você não é respeitado?
Não é incentivado?
Por que, Feminino?
Você é muito cobrado
Os críticos te chamam de vitimista
Você é muito anulado
Os leigos te chamam de feminista
Você é muito previdente
Os machistas te acusam de privilégios
Você é muito consciente
Os moralistas te acusam de sortilégios
Por que, Feminino?
Masculino, reconhecerá a produção do Feminino?
Masculino, reconhecerá a estima pelo Feminino?
Masculino, reconhecerá a relevância do Feminino?
Masculino, reconhecerá a admiração pelo Feminino?
Por que, Feminino?
10. Evito gente alienada (Sou alienado?)
Evito gente alienada
Que não enxergam a própria condição
Que tem desprezo pela situação
Que só pensa nos próprios problemas
Evito gente alienada
Que não ajudam a conhecida multidão
Que tem fascínio pela rebelião
Que só grita pelos antigos dilemas
Evito gente alienada
Perdi meu tempo com gente alienada
Foi um erro que paguei alto preço
Me ignoram no virtual e na rua
Ampará-los me causou só tropeço
Perdi meu tempo com gente alienada
Foi um desgosto que recebi espinho
Me odiaram no sol e na lua
Estimá-los me legou só desalinho
Evito gente alienada
Alienados e alienados, se estudem!
Não veem que a vossa alienação atrapalha o mundo?
Não veem que a exaltação geral não dura um segundo?
Não veem que o desvio não mostra tudo?
Alienados e alienadas, se estudem!
Não veem que a vossa alienação impede a apuração da humanidade?
Não veem que a renovação total estraçalha a maldade?
Não veem que o vazio não ensina tudo?
Evito gente alienada
Sou alienado? Contribuo para alienação?
Quais impressões são alienadas?
Quais produções são alienadas?
Quais observações são alienadas?
Sou alienado? Contribuo para alienação?
Quais hesitações são alienadas?
Quais informações são alienadas?
Quais reflexões são alienadas?
Evito gente alienada
11. Não, não vão!
Zombaram de você
O que dizia é sem sentido?
Não!
Cansaram de você
O que vivia é sem sentido?
Não!
Roubaram de você
O que queria é sem sentido?
Não!
Ocultaram de você
O que sabia é sem sentido?
Não!
Não vão zombar, não!
Já tentaram me calar
Não!
Não vão cansar, não!
Já tentaram me julgar
Não!
Não vão roubar, não!
Já tentaram me vetar
Não!
Não vão ocultar, não!
Já tentaram me matar
Não!
Não, não vão!
Não adoeçam mais!
Reformem o viver!
Não atrapalhem mais!
Instruam o poder!
Não ofendam mais!
Rejeitem a divisão!
Não estraguem mais!
Destruam a opressão!
Será que vão?
12. A Era dos Reajustes
Meu amor, estamos na Era dos Reajustes
Não endossaremos banalidades
A Era dos Reajustes
A mulher deverá viver
O erro que nos desune
Irá se arrepender
A Era dos Reajustes
O homem deverá respeitar
A ideia que nos assume
Irá se aprimorar
A Era dos Reajustes
A mulher deverá prosperar
O cuidado que nos habita
Irá reaproximar
A Era dos Reajustes
O homem deverá entender
A divisão que nos limita
Irá desaparecer
Pessoas, essa é a Era dos Reajustes!
Pessoas, não queremos mais embustes!
Pessoas, essa é a Era dos Reajustes!
Pessoas, não queremos mais abutres!
Mulheres, sejam as donas de todas as eras!
Mulheres, sejam as donas! Percebam as esperas!
Mulheres, sejam as donas de todas as eras!
Mulheres, sejam as donas! Percebam as esferas!
A Era dos Reajustes é agora!
Vamos aprender com a era!
A Era dos Reajustes é agora
Vamos escrever com a era!
Meu amor, estamos na Era dos Reajustes
Não endossaremos atrocidades
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