Cor: Roxo
Símbolo matemático: Infinito
Temas: Sexualidade, questões corporais, autoestima, hipocrisia, solidão, desejos, sexualização, monotomia, ignorância e despertar espiritual
Data aproximada de escrita: abril a maio de 2023
1. Corpos
Corpos desejados
Não valorizados
Marginalizados
Pelo desprezo de outrem
Corpos variados
Não padronizados
Categorizados
Pelo vezo de alguém
Corpos que almejam
Serem bem tratados
Não coisificados
Pelo vezo de outrem
Corpos que pleiteiam
Serem bem amados
Não desrespeitados
Pelo desprezo de outrem
Corpos
Quebrem todos os preconceitos
Das discriminações e insinuações
Libertem todos os sujeitos
Das violações e opressões
Corpos
Carreguem toda a diversidade
Das cores e formatos
Anulem todos os efeitos
Das dores e boatos
Corpos
2. Chamariz/Chafariz
O meu corpo é um chamariz
Que emana alguns defeitos
A minha mente é um chafariz
Que enfrenta alguns desejos
O meu corpo é um chamariz
Apesar de não querer sofrer
A minha mente é um chafariz
Apesar de não querer saber
Chamariz
Chafariz
Chamariz
Chafariz
Não quero ser só um corpo
Não quero ser só minha mente
Quero que entendam minhas lutas
E tudo aquilo que eu tente
Não quero ser só um jogo
Não quero ser só inteligente
Quero que entendam minhas falas
E tudo aquilo que eu invente
Chamariz
Chafariz
Chamariz
Chafariz
O meu corpo é um instrumento
Um instrumento da minha expressão
O meu corpo é um portal
Um portal da minha imaginação
O meu corpo tem que ser respeitado
Tem que ser amado, considerado
O meu corpo tem quer ouvido
Tem que ser sentido, vivido
Chamariz
Chafariz
Chamariz
Chafariz
Respeite meu corpo!
Respeite meu corpo!
Me respeite!
Me respeite!
3. Calo
Você sabe que meu calo aperta
E faz tudo pra me provocar
Você sabe que eu penso à beça
E faz tudo pra me ver pirar
Você sabe onde meu calo aperta
E faz tudo pra me abalar
Você sabe que eu lembro da peça
E faz tudo pra me ver chorar
Calo
Você sabe que meu calo
É o lugar onde eu falo
Quem consegue irritá-lo
Não deverá evitá-lo
Você sabe que meu calo
É a vida onde eu estalo
Quem consegue pisá-lo
Não poderá estancá-lo
Calo
Desde que me entendo por gente
Fizeram questão de pisar no meu calo
Só que agora, daqui pra frente
Responderei esse ralo
Desde que me entendo em sociedade
Fizeram questão de mostrar nosso calo
Só que agora, contra toda maldade
Provocarei muito abalo
Calo
Você nunca se importaram com o outro
Viviam de falsidade e afins
Sempre puderam não pisar no nosso calo
Mas gostavam de ser ruins
Vocês nunca se perguntaram a razão
Adoravam a maldade e chacotas
Sempre puderam respeitar o que eu falo
Mas gostavam de ser idiotas
Calo
Calo
Calo
Calo
Calo
4. Malabares
Minha alma deseja transcendência
Meu corpo deseja futilidade
Meu cérebro deseja razão
E vou vivendo nesses malabares
Minha vida deseja equilíbrio
Meu trabalho deseja atividade
Minha arte deseja inspiração
E vou vivendo nesses malabares
Malabares
Tentar me equilibrar
Me libertar, me motivar
Me apreciar
Tentar me inovar
Me respeitar, me nortear
Me conservar
Malabares
Malabares
Onde testo meu equílibrio
Confirmo meu raciocínio
Sobre tudo que me aflige
Malabares
Onde escrevo minhas teorias
Testo minhas poesias
Sobre tudo que me atinge
Malabares
Onde enfrento meus devaneios
Questiono meus passeios
Sobre tudo que me desperta
Malabares
Onde ensaio meus projetos
Altero meus trajetos
Sobre tudo que me liberta
Malabares
Malabares de todas as lutas
Malabares de todos os pesares
Malabares de todas as lidas
Malabares de todos os olhares
Malabares
Malabares
Malabares
Malabares
5. Colapso
Acabou a beleza
Acabou o desejo
Acabou o amor
Quem já vazou?
Acabou o dinheiro
Acabou o status
Acabou a fama
Quem te salvou?
Nós fomos criados nas mentiras
As verdades estão vindo à tona
Enquanto focarmos apenas no corpo
As vidas estarão sempre tontas
Nós fomos criados para competir
As competições estão piorando
Enquanto pensarmos apenas no dinheiro
As vidas ficarão em segundo plano
Colapso
De toda sociedade
Baseada na mentira
Exploração, violência
Na sexualização
Colapso
De toda humanidade
Baseada na esperteza
Traição, ganância
Na espoliação
Colapso
De toda existência
Baseada na conivência
Mesmice, unidade
Na alienação
Colapso
De toda sexualidade
Baseada no controle
Recalque, hipocrisia
Na repressão
Acabou a mentira
Acabou a esperteza
Acabou o terror
Quem colapsou?
Acabou a conivência
Acabou o controle
Acabou o torpor
Quem colapsou?
6. Perigoso e fatal
Você achou que eu não sabia
Seu falso amor era letal
Até pensei que me entendia
Depois vi que é teatral
Você achou que eu não sofria
Seu falso papo era imoral
Até pensei que te envolvia
Depois vi que é desleal
Você achou que eu não via
Seu falso sonho era anormal
Até pensei que te movia
Depois vi que é parcial
Você achou que eu não lia
Seu falso riso era sinal
Até pensei que me supria
Depois vi que é casual
Perigoso e fatal
Capaz de ser mais legal
Capaz de ver todo o mal
Capaz de livrar outro igual
Perigoso e fatal
Capaz de ser racional
Capaz de ter outro astral
Capaz de ver mais geral
Perigoso e fatal
Não quer mais outro brutal
Não quer mais ser desleal
Não quer mais ter ventaval
Perigoso e fatal
Não quer mais ser visceral
Não quer ver outro banal
Não quer mais ter lamaçal
Perigoso é quem decide sobre o próprio corpo, sobre o autopertencimento
Fatal é quem mostra seu valor, sobre o automelhoramento
Perigoso e fatal
7. Calcanhar
Calcanhar
Meu calcanhar
Tudo que eu desejei
Tudo que eu vou desejar
Calcanhar
Meu calcanhar
Tudo que eu pensei
Tudo que eu vou pensar
Calcanhar
Meu calcanhar
Tudo que eu amei
Tudo que eu vou amar
Calcanhar
Meu calcanhar
Tudo que eu criei
Tudo que eu vou criar
Sempre atacaram meu calcanhar
E isso marcou meu modo de crer
Senti que precisava me reservar
Caso contrário iria perecer
Sempre via na outra aparência
Aquilo que não encontrava em mim
Compreendi que a carência
Nunca impedia a solidão no fim
Sempre esperava a alteração
Onde eu teria uma nova vida
Colhi com minha própria ação
Toda força que estava escondida
Sempre escolhia o que falar
Temendo as malvadas opiniões
Resolvi não acompanhar
Todas as tristes repressões
Calcanhar
Minha chance de mudar
Minha vida é perguntar
Não me canso ao lembrar
Calcanhar
Calcanhar
Minha garra pra vencer
Minha sina é defender
Não me deixo esquecer
Calcanhar
Calcanhar
Minha busca por valor
Minha arte é compor
Não me moldo ao horror
Calcanhar
Calcanhar
Minha fala é construir
Minha sede é exprimir
Não me deixo ressentir
Calcanhar
Calcanhar
Meu calcanhar
Tudo que eu derrubei
Tudo que eu vou derrubar
Calcanhar
Meu calcanhar
Tudo que eu alcançei
Tudo que vou alcançar
Calcanhar
Meu calcanhar
Tudo que eu provoquei
Tudo que eu vou provocar
Calcanhar
Meu calcanhar
Tudo que eu enfrentei
Tudo que eu vou enfrentar
8. Alegre
Alegre
Alegre
Meu amor
Estou muito alegre
Correrei feito lebres
Nas virtudes que plantar
Meu amor
Estou muito alegre
Sondarei igual enquetes
Até a hora que terminar
Meu amor
Estou muito alegre
Jogarei igual raquetes
Até a vitória que surgir
Meu amor
Estou muito alegre
Pularei feito confetes
Nas bençãos que possuir
Alegre
Alegre
Meu amor
Eu sei que ser alegre
Nem sempre é legal
Muitas vezes é fatal
No mundo intolerante
Meu amor
Eu sei que ser alegre
Já veio de nascença
Marca toda existência
Daqueles muito alegres
Meu amor
Eu sei que ser alegre
É cuidar de outros alegres
Apesar das intempéries
De outros temporais
Meu amor
Eu sei que ser alegre
É lutar com outros alegres
Apesar das divergências
Em vários procederes
Meu amor
Estou muito alegre
Alegre
Alegre
9. Lutas
A luta é diária
A luta é contínua
Afasta, descansa
Mas não desanima
A luta é pesada
A luta é sofrida
Retoma, aclama
Mas não se irrita
A luta do pária
A luta da vida
Levanta, inspira
Mas não subestima
A luta da margem
A luta da lida
Convoca, declama
Mas não se intimida
Lutas
Lutas com fundo
Lutas e mundos
Pelas crias, que em segundos
Saem
Lutas
Lutas com nada
Lutas e fachadas
Pelas sinas, que em escadas
Sobem
Lutas
Lutas por direitos
Lutas e respeitos
Pelas marcas, que em suspeitos
Caem
Lutas
Lutas por mudanças
Lutas e esperanças
Pelas crenças, que em memórias
Vivem
Lutas
Saem
Sobem
Caem
Vivem
Lutas
Vivem
Caem
Sobem
Saem
10. Minhas formas
Eu sinto que eu sou a mesma coisa
Eu sinto que todos são a mesma coisa
Eu perdi a confiança na humanidade?
Eu perdi a esperança na humanidade?
Um mundo muito egoísta
Esquecendo a sinceridade
Ao invés de pensarem no outro
Se ocupam com a própria vaidade
A cópia da cópia é o que fazem
Tentando fingir ser o que não é
Esquecem de buscar a autenticidade
No próprio poder que é a sua fé
Olho pro lado e não vejo
Aquilo que eu sempre vi
Não sou mais do mesmo jeito
Estou mais longe, eu sei
Olho pra gente e não vejo
Aquilo que eu sempre curti
Não sou mais do mesmo feito
Estou bem chato, eu sei
Mais do mesmo
Atos previsíveis
Rotas desprezíveis
Forçando o viver
Mais do mesmo
Rancores conservados
Desejos represados
Marcando o querer
Mais do mesmo
Egoístas descarados
Humanos maltratados
Prolongando o sofrer
Mais do mesmo
Posses impossíveis
Rostos insensíveis
Disfarçando o romper
Eu sinto que tudo que eu falo é a mesma coisa
Eu sinto que tudo que vocês falam é a mesma coisa
Eu perdi toda a minha criatividade?
Eu perdi toda a minha sinceridade?
Serei eu mais do mesmo?
Serão vocês mais do mesmo?
Seremos nós mais do mesmo?
12. Sozinho
Eu sempre fui sozinho
Desde a tenra idade
Não imaginava que ser sozinho
Fosse influência da sobriedade
Eu sempre fui sozinho
Mesmo na mocidade
Eu pensava que ser sozinho
Fosse refúgio contra a maldade
Eu sempre estou sozinho
Mesmo na juventude
Eu penso que ser sozinho
É começo de plenitude
Eu sempre serei sozinho
Mesmo na meia-idade
Eu penso que ser sozinho
Sempre trará sagacidade
Eu sempre serei sozinho
Mesmo na velhice
Eu penso que ser sozinho
Sempre trará chatice
Eu sempre serei sozinho
Mesmo na eternidade
Eu penso que ser sozinho
É a forma de liberdade
Eu quero transformar a minha solidão
Transformar a solidão em solitude
Já usei os recursos em vão
Sei que a mudança vem da atitude
Atitude de entender que viverei sozinho
Posso não estar preso a ninguém
A solidão é um difícil pergaminho
Melhor decifrar que ser refém
Eu quero orientar a minha decisão
Orientar a decisão em ato
Já avisei que tenho expressão
Apesar de todo tipo de boato
Boato que não me traz benefício
Posso questionar a injustiça
A coragem é um difícil ofício
Melhor inspirar que ter preguiça
Sozinho, sozinho
Sentindo sempre o espinho
Sentido a crítica do vizinho
Melhor que preso no ninho
Sozinho, sozinho
Sentindo sempre o redemoinho
Sentido a paz em desalinho
Bem consciente do caminho
Sozinho
13. Vertigem no despertar
Desperto
Verto
Cresço
Excedo
Desperto
Verto
Percebo
Transcedo
A vertigem no despertar
É uma lógica consequência
Quem lembrou que aprimorar
É uma forma de previdência?
A vertigem no despertar
É uma mudança no existir
Quem lembrou que acreditar
É uma maneira de construir?
A vertigem no despertar
É uma conta da vida que chegou
Quem lembrou que relembrar
É uma via que já passou?
A vertigem no despertar
É uma luta em sua essência
Quem lembrou que contestar
É uma meio de sobrevivência?
Desperto
Verto
Almejo
Recebo
Desperto
Verto
Expresso
Conecto
Vertigem no despertar
Despertar na vertigem
A ordem pode mudar
Mas conserva toda a origem
Vertigem no despertar
Despertar na vertigem
Humanos podem mudar
A dor que mais os afligem
14. Santificou
Santificou
Só mudou de religião
Se salvou
Só mudou de restrição
Santificou
Não mudou a percepção
Se consertou
Não mudou a condenação
Santificou
Só mudou de exaltação
Se respaldou
Só mudou de suspeição
Santificou
Não mudou a recepção
Se limitou
Não mudou a conclusão
Santificou
Pensando que tinha apagado os seus erros anteriores
Santificou
Pensando que isso lhe dava o direito de criticar quem cometeu os mesmos erros
Santificou
Pensando que era exemplo para muitas outras pessoas
Santificou
Pensando que era uma forma de encobrir as suas ações maldosas
Santificou
Pensando que poderia propagar dissabores e ir para um bom lugar
Santificou
Pensando que era um meio de validar os seus atos hipócritas
Santificou
Pensando que poderia enganar ao ser humano falho
Santificou
Pensando que poderia escapar da vista divina
Santificou
Só mudou de religião
Se salvou
Só mudou de restrição
Santificou
Não mudou a percepção
Se consertou
Não mudou a condenação
Santificou
Só mudou de exaltação
Se respaldou
Só mudou de suspeição
Santificou
Não mudou a recepção
Se limitou
Não mudou a conclusão
Santificou
15. O preço das provações
Negro
Gay
Pobre
Vascaíno
Suburbano
Poeta
Brasileiro
Espírita
Socialista
Interiorano
Só isso, quer mais?
Triste
Revoltado
Criticado
Incomodado
Consciente
Magoado
Ignorado
Afastado
Sou isso, quer mais?
Acelerado
Desprezado
Lapidador
Perguntador
Introvertido
Provocado
Divagador
Observador
Sou tudo isso, quer mais?
O preço das provações
Eu vou lembrando todo dia
Parecem infinitas prestações
Que vou pagando minha ousadia
O preço das provações
Eu vou tentando entender
Parecem infinitas obrigações
Que vou sempre satisfazer
O preço das provações
O preço, enfim, o preço
O preço das provações
Eu conheço, enfim, eu conheço
16. Felipe Prasino (Amigo, cavalo, verde)
Felipe!
Felipe!
Felipe Prasino!
Felipe!
Felipe!
Felipe Prasino!
Verde-liberdade
Vermelho-revolta
Azul-crise
Amarelo-reparação
Marrom-lembrança
Roxo-luta
Cores-possibilidades
Identidades
Explosões
Ruínas
Libertações
Afetos
Desejos
Interpretações
Felipe!
Felipe!
Felipe Prasino!
Felipe!
Felipe!
Felipe Prasino!
As posturas
As resistências
As desigualdades
As angústias
As tentativas
As histórias
As privações
As energias
As obras prasinianas
As multiplicidades
Felipe Prasino
As ideias prasinianas
As possibilidades
Felipe Prasino
Felipe!
Felipe!
Felipe Prasino!
Felipe!
Felipe!
Felipe Prasino!
Amigo, cavalo, verde
Cavalo, verde, amigo
Poeta que não se decide
Se quer tudo ou nada
Cavalo, verde, amigo
Amigo, cavalo, verde
Poeta que não se decide
Se quer juntar ou espalhar
Felipe Prasino!
É proibida a reprodução desta obra sem a devida citação/menção do autor.
Todos os direitos reservados.